Conhecido o objeto deste estudo e conhecido a quem ele se dirige podemos, então começar a estudar o pensamento.

A mente humana é o questionador das provações do espírito. Suas criações são a prova do espírito. Mas, estas provas não são tão variáveis assim. Elas podem ser representadas através de mil histórias, mas resumem-se a apenas um aspecto, que é a provação de todo ser encarnado num mundo de provas e expiações: o egoísmo…

Para afirmar isso busco respaldo no Espírito da Verdade:

“913. Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mias que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, deste esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades”.

Todo pensamento humano, aquilo que afasta o ser de Deus, é formado com uma base egoísta. Esta, portanto, é a característica primária de todo pensamento.  

Como egoísmo aqui, eu não estou falando em nada errado, reprovável, mas apenas usando este termo dentro do seu sentido no dicionário. Ser egoísta é ter um sentimento ou maneira de ser onde a preocupação esteja sempre voltada ao interesse próprio, com o que lhes diz respeito.

Quando afirmo que o pensamento é egoísta não estou querendo com isso classificá-lo de certo ou errado, de bom ou de mal. Apenas estou afirmando que todas as consciências que o ser humanizado tem, priorizam seus próprios interesses, estão sempre voltadas a satisfazer suas próprias aspirações, que ele pensa individualmente e não coletivamente.

Saber que a consciência criada pelo pensamento é um ato de defesa de seus próprios interesses e que este fato é a raiz de todos os males que um ser vive, é, portanto, o ponto de partida da formação do corpo doutrinário da espiritologia.

Aparentemente o ser humanizado acha que defender seus interesses é algo normal, certo de se fazer. Mas, Cristo ensinou:

“Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se processarem você para tomar a sua túnica, deixe que levem também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e empreste a quem lhe pediu emprestado”. (Mateus, 5 39 a 42)

O ato de defender os seus interesses não deve ser encarado de forma tão normal, natural ou certa por aquele que sabendo que há algo em si além da matéria pretende viver para este algo, ou seja, promover o trabalho da reforma íntima para chegar à elevação espiritual. Isso acontece porque para que haja uma defesa de seus próprios interesses terá que haver um ataque aos interesses dos outros, o que é contrário ao amar ao próximo como a si mesmo.

Além disso, este ataque quando vencer o outro levará somente ao prazer e quando não vencer, à dor. Quem vive como certo defender seus próprios interesses não pode viver a felicidade que Deus tem prometido, pois ama mais os seus interesse do que ao próprio Pai.

A questão do amor ensinado por Cristo não está no dar, mas sim doar-se. Isso não é jamais conseguido por aquele que defende seus interesses como já veremos. No momento o importante é ficar bem claro que tudo o que a mente cria através do pensamento é uma defesa de seus próprios interesses e que esta idéia não se coaduna com aquele que pretende alcançar a elevação espiritual.