Que me desculpem os poetas, mas a natureza não tem nada de bela, pois Deus, o Supremo Administrador do universo, não possui o conceito de beleza. Como a ciência hoje já comprova, as cores e formas de animais e vegetais são funcionais e não estéticas.


As plumagens dos pássaros atraem as fêmeas e assim a preservação da espécie está garantida. As flores possuem cores e formas diferentes para atrair os pássaros para a polinização. As frutas têm cores atraentes para que os pássaros distribuam as sementes que farão nascer novas árvores. Os peixes possuem cores variadas para mostrar o seu grau de periculosidade e afastar seus inimigos naturais.
Os animais são providos de “artifícios” que às vezes acabam com suas “belezas”, mas que garantem a sua existência para que possam cumprir o seu papel no desenvolvimento do planeta. Alguns possuem cascos que provocam asco, outros têm chifres que acabam com a beleza estética, mas todos estes artifícios são utilizados para prolongar a existência dos animais.
Tudo na natureza tem uma razão de ser. Deus, o Pai Criador causa todas estas coisas para que os reinos não inteligentes possam permanecer ativos, sustentando a vida humana no planeta.
Dentro da evolução espiritual é necessário que o ser encarnado alcance esta compreensão e acabe com os seus conceitos sobre as coisas da natureza. Enquanto o homem “achar” alguma coisa bela é porque a estará comparando com outras que considera “feias” e não amará estas últimas.
A temida aranha tem o seu papel fundamental na natureza, o “estranho” besouro também e até a “nojenta” barata cumpre a sua função para que o planeta viva em equilíbrio.
Se o planeta fosse povoado apenas pelas plantas e animais “bonitos”, quem faria a função dos “úteis”? De que se alimentariam os animais que pastam se todas as plantas tivessem que ter flores bonitas, mas que não dispusessem dos nutrientes necessários para eles? O capim pode ser considerado uma praga pelos seres humanos, mas se ele não existisse não haveria o leite que sustenta o homem durante toda a sua vida.
Deus não possui estética, mas sim funcionalidade. Todas as coisas que existem no planeta agem entre si e dependem umas das outras para existir. O temido tubarão, “senhor” dos mares, precisa de pequenos peixes que lhe “limpem” o exterior para continuar existindo. Mesmo os animais de grande porte precisam das pequenas aves para livra-los dos insetos.
O ser humano que separa as coisas em “feias” e “bonitas”, “úteis” ou “inúteis”, ofende ao Pai porque não compreende a ação de Deus suprindo todas as necessidades dos seres.
O questionamento sobre a estética ou importância das coisas interfere na elevação espiritual, pois não deixa o ser compreender a interação universal. Sem este conhecimento, não consegue compreender a interação que acontece em sua própria espécie para auxilia-lo na elevação espiritual.
Assim como o ser humano depende de todos os outros reinos para existir, também depende de outros seres, pois a elevação espiritual só será conseguida quando amar aos outros como a si mesmo. Os seres humanos não conseguem se amar mutuamente porque possuem conceitos de “belo” e “útil” para qualificar os demais seres.
Conceitos como “beleza” são fatores que contribuem para o atraso na evolução espiritual, pois condicionam o amor do ser apenas para aqueles que contemplem os seus padrões. Jesus não nos mandou amar apenas aqueles que estão dentro do nosso padrão positivo, mas amar a tudo e a todos no universo.
Como se pode amar o “feio”? Apenas compreendendo a importância deste para o equilíbrio planetário. O amor entre os seres nunca nascerá de valores estéticos, mas surgirá quando cada um entender que a sua existência, que serve como campo para a elevação espiritual, depende de todos os outros seres que existem no universo.
Peço novamente desculpas aos poetas, mas não tenho a menor intenção de acabar com a poesia, pois tive algumas encarnações onde ganhei o pão de cada dia escrevendo versos. Minha intenção com estas palavras é mostra-lhes o que é a verdadeira beleza: Deus e a Sua ação no universo.
Que não escrevam laudas sobre a flor de lótus, mas louvem a “beleza” da ação de Deus para criar o lodo, o único ambiente que pode nutrir esta flor. Que não falem das flores, mas lembrem a todos como é belo o Pai que dá o adubo para sustenta-las, mesmo sendo ele formado pelo estrume deixado pelos animais. Mostrem a maravilha que são os insetos que Deus criou: aqueles que mantêm o equilíbrio do meio ambiente tão atacado pelo ser humano, o mais louvado.
Tudo é perfeito, organizado e projetado para que um seja o sustentáculo da vida do outro. O que atrapalha esta visão do universo é o conceito do ser humano que separa as coisas como “bonitas” e “feias”, “úteis” ou “inúteis”.
Senhores poetas utilizem o seu dom para ensinar aos seres encarnados a compreender a ação de Deus no universo. Mostrem para eles que tudo que existe, por mais estranha que seja a forma, é obra do Pai e que possui, por isto, a “beleza” suprema do universo. Todo o mundo de Deus é belo porque é perfeito.
Quando o homem compreender a ação de Deus e não julgar as coisas a partir dos seus padrões estéticos, estará apto a ver esta mesma ação nos outros seres humanos. A partir desta compreensão verá em seu “inimigo” (o “feio”) um instrumento de Deus para a sua evolução.
Aquele que busca a “beleza” nas coisas também a procura nos outros seres humanos. Como não acha esta “beleza” continua amando apenas aqueles que satisfazem os seus conceitos. O ser universal está muito acima de padrões como os de “beleza”, porque conhece a maravilha do universo: a ação de Deus em prol da elevação dos seres.
Em seu evangelho (logia 29), Tomé traz um ensinamento de Jesus que pode nos ajudar a compreender o assunto aqui abordado: “Se a carne veio a existir por causa do espírito, isto é uma maravilha; mas se o espírito veio a existir por causa dela, é a maravilha das maravilhas. Mas o que me maravilha é como essa grande riqueza fez morada em tal pobreza”.
O Mestre neste ensinamento fala de sua admiração pelas coisas materiais. Esta admiração, porém, não nasce da forma estética das coisas, mas pela sua função: servir ao espírito para a sua evolução. Jesus se maravilha com a obra de Deus e não com a beleza das coisas materiais. Quando o ser humano compreende esta ação e abandona os seus conceitos, universalizando-se, para Jesus ocorre a maravilha das maravilhas.
Para o Mestre todas as coisas materiais são “pobres” se comparadas com o espírito, a grande “riqueza”. O ser humano que valoriza as coisas pelos seus conceitos acaba ofendendo outras “maravilhas” que Deus cria, chamando-as de “feias”.
A “beleza” universal é a ação de Deus que tudo provê para a evolução dos seus filhos.