Alguém me disse que “Buda, Lao Tsé, Jesus, e outros, não viveram uma ficção não. A espiritualidade (ou outro nome qualquer que se dê) não se tratava de um conto de fadas para eles, algo para prestar reverencia a distancia não. Era algo que levaram para dentro de suas vidas mesmo”.


Isso me fez lembrar a seguinte frase: “eu sou a verdade, o caminho e a vida; ninguém chega a Deus a não ser através de mim”. Apesar desta afirmação ser atribuída a Cristo ela bem poderia ter sido pronunciada por qualquer um dos mestres enviados por Deus para o auxílio aos espíritos encarnados. Isto porque os mestres representam o caminho para se chegar a Deus.
Mas, o que será caminhar para Deus através de um mestre? Para a grande maioria é a idolatria e o culto frio aos seus ensinamentos: nada mais do que isso.
Os templos e igrejas estão sempre cheios de seres humanizados que idolatram os mestres em cultos; seus ensinamentos são recitados com profundo respeito ou colocados em e-mails ilustrados por imagens bem desenhadas e músicas sugestivas. Mas será que só isso basta? Claro que não. Mais do que se cultuar a idolatria aos mestres, é preciso se transformar em um.
Ao invés de se idolatrar o mestre é preciso aprender a viver a existência carnal como ele fez; ao invés de se declamar os ensinamentos ou transformá-los em obras de arte virtuais, é preciso colocá-los em prática na existência carnal, como os mestres colocaram, provocando a mudança da vivência da vida para poder se chegar a Deus.
O aproveitamento da vida não está na cultura, mas na transformação que os ensinamentos podem causar na existência de cada um. É preciso que o ensinamento acabe com a paz fundamentada na realização dos desejos humanos e se transforme em uma espada que sirva para ferir mortalmente o padrão humano de viver ao qual o espírito está escravizado pelo ego (“Não vim para trazer a paz, mas a espada” – ensinamento de Cristo).
De que adianta se dizer cristão, idolatrar Cristo, se na hora de nossa crucificação (passar por momentos de contrariedade, insatisfação) agimos como Pedro, que ao saber que o mestre iria terminar sua missão na cruz, convocou a todos para orar pedindo ao Senhor que afastasse aquele futuro?
Que adianta nos dizermos budistas, se ainda nos apegamos aos prazeres da vida carnal criados pelos cinco agregados ao invés de compreendermos a primeira nobre verdade (tudo é sofrimento, mesmo a realização do que gostamos) e percorrermos o “Nobre Caminho Óctuplo” que leva ao desapego?
De que adianta nos dizermos seguidores de Krishna se ainda perdemos a equanimidade adorando os “santos” que conseguiram colocar em prática os ensinamentos do mestre, ao invés de tratá-los como seres comuns?
De que adianta apenas dar o pão se a verdadeira caridade está em dar ao próximo a liberdade de ser, estar e fazer o que quiser (respeitar os seus direitos), mesmo que isso fira nossos desejos, sem críticas, como ensina o Espírito da Verdade?
De nada adianta tudo isso. Caminhando deste jeito vivemos uma vida de ilusão crente que realizamos algo, mas quando saímos da carne a desilusão é grande, pois não percorremos o caminho ensinado pelos mestres, mas, presos ao nosso ego, vivemos aquilo que nosso senhor queria.
Acredito que o ensinamento máximo que podemos aprender para poder viver esta existência com resultados positivos para a eternidade espiritual que ainda temos pela frente, está resumida na seguinte frase: “não somos seres humanos vivendo aventuras espirituais, mas seres espirituais vivenciando uma aventura humana”.
Quando isto for realidade, com certeza viveremos a nossa vida como os mestres viveram as deles e aí, estaremos mais perto de Deus do que estamos.