Participante – Há anos minha vida está parada, não consigo um emprego. Depois da maternidade, minha vida profissional desandou e minha autoestima e autoconfiança, que já eram ruins, caíram por terra. Temo pelo meu casamento. Quero tanto voltar a trabalhar, mas esse sentimento de incapacidade me tolhe! Às vezes fico desesperada …
Na verdade, você teme pelo seu casamento porque não trabalha? Acho que não, pois não me relata que seu marido reclame pelo fato de não trabalhar. O temor pelo seu casamento é fundamentado pelo descontentamento que está da vida, pela autoestima e autoconfiança baixa que vive. Teme pelo seu casamento porque o descontentamento que vivencia pode lhe fazer não viver em paz com seu marido.
Mas, a possibilidade de separar-se pode acontecer aqui, lá e acolá. Pode acontecer com o trabalho e sem ele.
Sem o trabalho acontece quando? Quando você quer o trabalho e não tem. E tendo um trabalho, pode acontecer quando? Quando valorizar o trabalho que conseguiu e, com isso, não dar atenção ao seu marido.
É…, você já pensou que, de repente, pode conseguir um trabalho, o que diz que seria uma tábua de salvação para o casamento, que exija tanto de você que acabe tendo menos tempo para o seu marido e isso pode te levar ao fim do casamento que quer proteger tendo o emprego? Não, não pensou nisso. Por que não pensou? Porque está presa a uma ideia: a de arrumar um emprego dos sonhos.
Você não quer só arrumar um emprego. Quer arrumar o emprego que te satisfaça, que te realize, onde ganhe dinheiro, mas que também deixe tempo para cuidar do marido e do filho. Isso é uma utopia. Poucos conseguem juntar tudo o que querem numa única coisa.
Por tudo o que falei, observe que você não está buscando emprego, mas sim uma satisfação individual, uma satisfação pessoal que a grande maioria dos seres humanos não consegue.
O emprego dos sonhos não existe. Mas, mesmo que ele exista e seja conseguido, há um detalhe que está se esquecendo. O ser humano, mesmo que consiga tudo o que sonha, começa a querer mais coisas, sonha em ter mais. Por isso, nunca está satisfeito com o que tem, com o que consegue.
Por isso, mesmo que você consiga hoje o seu emprego, além do risco que ele pode trazer para o seu casamento, isso não acabará com o que vive neste momento internamente, pois logo virá um novo desejo que servirá como causador de um mal-estar. Logo virá um sonho que, enquanto não for realizado, vai acabar com a sua autoestima e com a sua autoconfiança.
A partir disso que falei, repare como mudou a sua questão. Antes, o seu problema de autorrealização era não ter um emprego, agora ele é não conseguir o que quer. É diferente uma coisa da outra, pois, mesmo que consiga realizar seus sonhos, estará sempre buscando coisas novas e, com isso, nunca estará realizada.
É esse o detalhe que precisa se atentar. O resto, o que sonha em ter, é o resto. O que precisa é se conscientizar de que não deve se concentrar em conseguir um emprego, mas sim em sentir-se realizada com o que tem. Como este é o mote do nosso trabalho, permita-me te ajudar.
Você me diz que sua autoimagem não está boa por não ter um emprego. No entanto, se realizar-se em cuidar do seu filho e do seu marido, isso não pode ajudar a melhorá-la? Acho que sim. Você pode se transformar na melhor mãe e esposa do mundo. Quando se transformar nisso, estará realizada e com sua autoestima lá em cima.
Isso você pode fazer, está à sua disposição, ao alcance das suas mãos. Mas, não vê essa saída porque coloca a única possibilidade de realização em arrumar um emprego e ponto final.
Viver a vida é algo extremamente difícil e, ao mesmo, tempo simples. Viver a vida é aprender a valorizar o que temos ao alcance das nossas mãos e não ficar sonhando com algo que está longe. Como diz o ditado popular, que, na verdade, é um provérbio de Salomão: mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Então, ao invés de se desgastar, de se desesperar porque não tem um emprego, concentre-se em ser o melhor que pode ser naquilo que tem para viver.
Costumo dizer que não há diferença entre ser doutor e limpador de rua. Todas as funções têm uma contribuição para a sociedade. De um jeito ou de outro o limpador de rua e o doutor contribuem para o bem-estar público. A diferença entre eles está na aceitação e na vivência daquilo que são. O limpador de rua, que se esforça ao máximo para limpara rua que lhe é dada para limpar, contribui muito mais para a sociedade do que o doutor que só se preocupa em ganhar o seu dinheiro.
Não há valores entre ser uma doutora e uma dona de casa. Esse valor está apenas na sua mente. É ela que te bloqueia dizendo que o trabalho caseiro não tem valor e que, para sentir-se realizada, precisa ter o emprego fora. É ela que lhe dá este valor, e não a vida.
Não importa o que faça, o que tenha, viva tudo que está à sua disposição com uma entrega total, buscando fazer o melhor de si em tudo que pode realizar. Com isso, sua autoestima e autoimagem serão grandes.
Não estou dizendo para parar de procurar emprego, para desistir dele. Continue procurando se quiser, mas não esqueça de valorizar o que tem. Se não fizer isso, pode não encontrar o emprego dos sonhos e sofrerá o resto da vida com uma autoestima e autoimagem baixas.
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