O Livro dos Espíritos – Pergunta 133

Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem? Todos são criados simples e ignorantes e se
instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.

Não existe espírito que nunca encarnou: todos sempre encarnaram. Alguns muitas vezes, mas outros poucas. Por quê? Porque alguns aproveitaram mais rapidamente as oportunidades e outros não. Apesar disso posso garantir: todos tiveram que passar pelas mesmas provas.
Sendo assim, para vocês que conhecem o fato das sucessivas encarnações e os objetivos delas, viver essa vida preso ao seu lado material, ou seja, viver para reunir riquezas materiais, é um disparate. Você sabe que está encarnado, sabe que está vivenciando provações, sabe que os outros são instrumentos das suas vicissitudes e agora sabe também que um dia terá que passar por uma existência onde terá que desapegar-se das coisas materiais. Por que, então, não desapegar-se nessa?
Quando um ser vive essa vida pela história e não pela essência dela (provas, missões e expiações), na verdade está simplesmente criando uma nova encarnação para si. Está gerando a necessidade de começar tudo de novo.
Mas, não é assim que mesmo aqueles que acreditam na reencarnação vivem? Eles sabem que um dia terão que viver uma vida onde se entreguem a Deus completamente.
Apesar disso, vocês ainda buscam apenas libertar-se de uma ou outra coisa. Dizem: ‘eu me libertei de duas coisas nesta vida’. Falam isso como se houvessem feito muita coisa. Está certo, libertaram-se de duas coisas, mas tenham a certeza que depois do desencarna lhes será perguntado: porque não se libertaram de dez, porque não se libertaram de vinte? Porque não se
libertaram de todas? Por comodismo. Temos que parar com essa história do comodismo.
Olha, deixe-me dizer uma coisa àqueles que acreditam na reencarnação: a notícia da existência da reencarnação é milenar. Há sete mil anos atrás os egípcios já acreditavam na encarnação. Os hindus também. Então, a notícia da encarnação é muito velha. Conhecer a informação da existência das múltiplas vidas não é privilégio de ninguém. Na verdade, ter acesso à esta informação é, vamos dizer assim, uma faca que pode cortar dos dois lados. Ao mesmo tempo que saber disso traz a confiança necessária para o futuro pós-morte e o esclarecimento para o que você está vivendo hoje, também pode gerar o comodismo. Pode lhe fazer parar no tempo. Conhecer a existência das sucessivas encarnações pode lhe levar a pensar assim: ‘eu tenho mais chances, por isso não vou fazer o que é necessário agora’.
Sendo assim, conhecer a existência da reencarnação não é
glória para nem um espírito: é prova. Nunca se esqueçam: a quem
muito foi dado, muito será cobrado. Por isso, se você conhece a
existência da reencarnação, será cobrado por este conhecimento.
Se já conhece esta notícia, sabe que o que está vivendo hoje é o que plantou ontem. Você não pode ter esse conhecimento e querer fugir desta compreensão quando vivenciar os acontecimentos da vida…


Participante: não há discrepância, privilégio ou graça na pedagogia divina. Todos os espíritos progridem lenta e incessantemente sobre o mesmo processo evolutivo em consonância com a sabedoria, justiça e o amor de Deus.


Do que você falou, eu só discordo do progresso lento. Você necessariamente não tem que ter um progresso lento: avança de acordo com a velocidade que decidir caminhar. Se quiser caminhar rápido, nada vai lhe impedir.
Agora, a maioria realmente caminha lento. Mas, caminha lento por decisão individual, por comodismo. Caminha lento por não querer entender a vida carnal como uma existência espiritual e a vivenciar pelos valores do mundo material. Na verdade, caminha lento porque cede à tentação.