Participante: quer dizer que o apego leva sempre ao sofrimento?

Não necessariamente. Você receberá o sofrimento da mente, mas isso não quer dizer que precise sofrer. Na verdade o seu sofrimento dependerá do quanto você compactua com o que a personalidade humana cria. Se ela criar o sofrimento e você realizar o trabalho do desapego, não sofrerá; mas, se não fizer isso, sofrerá o sofrimento criado pela mente.

Na verdade o apego à televisão não é seu, mas sim da mente. É ela que cria este apegar-se. Você só sofre porque está apegado à mente e não ao aparelho. Só sofre porque acha que o apego é seu. Por achar isso, quando ela diz que é preciso sofrer, vibra dentro deste sentimento.

Estas perguntas foram muito boas porque reforça a necessidade da existência do período que começará no próximo dia vinte e um. Se o apego está na mente, só quando o mundo externo o fizer aflorar é que você poderá reconhecer a existência dele e realizar o trabalho indicado pelos mestres. Se o mundo externo não provocar uma mudança de eixo, ou seja, não contestar a verdade que sua televisão não funciona apenas porque você quer, como reconheceria a existência deste apego na sua mente?

Hoje automaticamente você liga a televisão diversas vezes ao dia. Ela sempre funciona. Isso criou em você um vício e este acabou com o pensamento sobre a sua relação com este objeto. É por conta deste descuido do ser humanizado em penetrar fundo no presente que ele tem para viver (ligar a televisão) que a mente cria inconscientemente o apego, ou seja, cria a ilusão de que ao apertar o botão ela sempre funcionará. Como você está desatento àquele momento aceita esta criação mental.

Por isso, somente quando o mundo externo agir contrariamente ao habitual é que você poderá conscientizar-se de que há um apego naquele relacionamento. Por isso a mudança de eixo neste momento das encarnações no planeta é importante. Somente quando a sua verdade de que é dono do destino da televisão (basta apertar o botão que ela funcionará) for atacada, poderá realizar o trabalho que o aproximará de Deus.

 Apesar de ter falado assim, digo outra coisa importante: não será qualquer mudança que ocorrerá para cada um dos seres encarnados. Toda mudança estará vinculada sempre a um gênero de provações pedido pelo ser antes da encarnação.

O Espírito da Verdade nos ensinou que quando o espírito pede determinado gênero de provações cria para si uma espécie de destino, que é o resultado de sua posição na escala espiritual. Por isso afirmo que qualquer acontecimento que aparecer na existência de um ser humanizado necessariamente terá quer estar ligado ao gênero pedido. Sendo assim, neste momento em que os acontecimentos para a provação dos seres ocorrerão, não poderão haver ataques a apegos que não estejam dentro do pedido original do espírito.

Quando ocorrerem os ataques a mente, então, será gerado o sofrimento. Neste momento você tem o livre arbítrio de sofrer ou não, de escolher entre o bem e o mal.

Participante: este livre arbítrio não existe, pois como o senhor disse, a mente criará o sofrimento.

Quando se fala em livre arbítrio, digo sempre que ele é muito maior do que vocês imaginam. Primeiro porque ele aparece no momento da escolha dos gêneros da provação e depois porque ele retorna quando existe um acontecimento fundamentado nesta escolha.

O que quer que aconteça na sua vida é fruto do seu livre arbítrio, da sua livre escolha de viver este ou aquele gênero de provações. Pedido, este gênero se transforma num acontecimento. Nele existem os atos físicos, as compreensões racionais que dão valor àquele ato e o resultado dela: o sofrimento ou o prazer. É neste momento que você exerce o segundo livre arbítrio. Como? Sentindo ou não a dor ou o prazer proposto pela personalidade humana. No exemplo da televisão não funcionar, isto só aconteceu porque aquele acontecimento é uma representação perfeita de uma provação que o ser que o vivencia pediu.

O que eu chamo de acontecimento não é apenas o ato físico (o apertar o botão e ela não funcionar), mas também as declarações mentais a respeito dos atos físicos: ‘que droga de televisão, foi quebrar logo agora. Eu comprei uma porcaria’. Mais: está embutida também a sensação que virá depois desta postura mental, ou seja, o sofrimento ou o prazer pelo que aconteceu. Neste momento, exerça o segundo livre arbítrio, ou seja, ao invés de seguir o que a mente propõe, permaneça equânime.

Falando em questão de apego, como disse ele está na mente de uma forma que você não tem consciência de que a relação com a televisão é feita desta forma. Somente pela reação emocional que a personalidade humana tiver no momento da relação é que você pode conscientizar-se da existência dele.

O que é o prazer? A satisfação de ver seus desejos atendidos. Portanto, se você tem prazer quando a televisão funciona, há um desejo inconsciente de que isso acontecesse. De onde surgiu este desejo? Da sua paixão por assistir televisão. Todas estas coisas estão na mente e você não tem consciência delas. Só quando o aparelho funciona e a personalidade humana cria o prazer é que pode conscientizar-se da existência destas coisas.

O raciocínio que desenvolvemos para o prazer é o mesmo para a dor. O desejo, a paixão e o apego estão na personalidade humana e você não sabe. Somente quando ela gerar o sofrimento de não ter o desejo atendido é que poderá ter a consciência da presença destes elementos.

Sendo assim, sua provação só começa quando a mente cria o prazer e a dor. É a existência destas emoções que lhe mostra que ali há uma provação a ser vencida. Portanto, só neste momento pode realizar o trabalho da reforma íntima. Como? Vivenciando o seu segundo livre arbítrio optando por amar a Deus acima do funcionamento da sua televisão. Quando faz esta escolha, a mente cria o sofrimento e você permanece equânime.

A partir de tudo o que disse agora, portanto, afirmo que você não sofrerá se um desejo for questionado, mas isso só ocorrerá se não fizer a opção por Deus.