Participante: agradeço humildemente as explicações que o senhor sempre me deu. Gostaria de dizer que em muitas das provas da minha vida me confundi e fiz o que achava que era certo. Às vezes parece que estou vencendo, às vezes não. Confesso que tentar viver uma vida humana com as verdades que o senhor nos tem dado a conhecer resulta em frustração, mas se atirar no vazio, no nada, dá um medo enorme. Por isso continuo vivendo com minhas verdades…
Realmente atirar-se no vazio dá um medo incrível, mas viver esse vazio ao qual está se referindo, é algo inexorável a todos os seres humanizados.
Você está preenchendo sua vida com a preocupação com as suas dívidas. Já parou para pensar que vai morrer e com isso suas dívidas automaticamente acabarão? Se isso é real, porque não pode libertar-se delas agora?
Vocês se apegam a coisas que são transitórias, que acabarão de qualquer forma, para encher a vida. Ocupa-se preocupando-se em resolver os problemas do imóvel que comprou para poder preencher a sua vida com um casamento. Já parou para pensar que um dia vai morrer e o casamento ao qual tanto se apega hoje vai acabar? Que pouco tempo depois do seu desencarne a sua esposa estará colocando outro no seu lugar? A sua participação nesse casamento no futuro é ser apenas uma fotografia no porta retrato. Isso enquanto o outro deixar …
Esse é o grande problema: vocês estão vivendo ao contrário. Estão apegados a coisas que um dia acabarão. Têm medo de se desligarem das coisas desse mundo, mas um dia com certeza terão que fazer. Ninguém fica para semente. As situações dessa vida não continuarão eternamente. Então, porque manter-se preso a coisas que são efêmeras e fugazes?
Vocês se ocupam construindo casas. Aí vem uma chuva, uma enchente e derruba tudo o que construíram. Ao invés de se desapegarem, ocupam-se e preocupam-se em construí-la novamente. Para quê? Para cair de novo?
A única coisa que poderá lhe ajudar – e não vou falar de fé, Deus, religiosidade ou outra coisa que você não consegue compreender – é ter a consciência da impermanência das coisas. Nada continuará sendo amanhã do jeito que é hoje. Por isso, tudo ao qual se apegam hoje, amanhã será tirado, acabará.
Desculpe a palavra, mas repare na imbecilidade do ser humano: lutar por algo que irá perder, seja agora ou amanhã. Se hoje abrir mão do apego a essas coisas, poderá viver a felicidade; esperando que a lei da impermanência se faça presente, ou seja, que tudo acabe, amanhã, sofrerá. Portanto, é até uma questão de inteligência atirar-se agora no vazio.
Saiba que desapegar-se das coisas que hoje fazem parte da sua vida é algo necessário, que terá que ser feito um dia, pois tudo o que existe agora, um dia acabará.