Participante: o fato de encarnarmos em família também não possui o objetivo de que ajudemos as pessoas?
Não. Tem o objetivo que você ajude nas provas dessas pessoas. Uma coisa é diferente da outra.
O que é a provação de uma pessoa? Essa informação está na questão 132 de O Livro dos Espíritos: viver vicissitudes.
Vicissitude não é não ter, precisar, passar por. Vicissitude é alternância de situações. Então, quando você age frente aos seus pais está gerando uma vicissitude para eles. Só que não gera qualquer uma, mas a que ele precisa passar.
Sendo assim, não é você que está fazendo o que quer, mas representando o que o outro precisa para a sua provação. Quando representa um papel não tem nenhuma responsabilidade sobre o que está representando, mas apenas na forma como vai representar.
O que quero dizer é que você não tem responsabilidade pelo que faz, mas sim com a forma como vivencia o que faz para os seus pais. Faça o que fizer para eles, ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Desta forma estará tendo uma representação digna de premiação.
Deixe-me dizer uma coisa muito importante. Eu não estou dizendo que você está errada quando ajudar os seus pais. O que estou mostrando é que não deve se prender à responsabilidade ou a obrigação com seus pais. Falo isso porque quando se prende a ter que fazer alguma coisa ou a ser de determinada forma segue a lei humana e não a de Deus.
Deus não precisa de pessoas responsáveis por nada: Ele é capaz de assumir a responsabilidade por tudo.
Em O Livro dos Espíritos há outra questão interessante cuja informação também está na Bíblia. Kardec pergunta como Deus faz para gerar as coisas. A resposta do espírito da verdade é: não existe forma melhor de explicar isso do que usar a informação que está na Bíblia; Deus diz faça-se e a coisa se faz …
O que você faz pelo seu pai não tem nada a ver com a responsabilidade que imagina ter, mas sim com o faça-se de Deus. É a mente humana que aproveita o que é feito por Deus para gerar uma responsabilidade para prendê-la à humanidade.
Vou lhe colocar mais um aspecto dos livros sagrados para tentar lhe mostrar o que estou querendo dizer. Em O Livro dos Espíritos há uma questão onde é perguntado sobre as mães que desencarnam e continuam preocupadas com as dores dos filhos que ficam. Em reposta o Espírito da verdade afirma que isso acontece, mas de acordo com a evolução espiritual do ser que viveu o papel de mãe: quanto mais atrasados espiritualmente, mais se preocupam.
Sabe o que é a mãe que morre e fica do lado do filho o tempo inteiro? Um obsessor. Sabe porque ela vive essa obsessão? Porque acha que tem responsabilidades com o filho. ‘É meu filho, eu preciso ajudá-lo. Como não vou ajudar meu filho, nasceu da minha barriga’.
É isso que estou querendo lhe mostrar. Não estou afirmando que precisa mudar qualquer coisa na forma como convive com seus pais. Só estou querendo lhe dizer é que não deve se sentir responsável. Sentindo-se dessa forma, com certeza virará um obsessor deles.
Participante: essa responsabilidade é um peso para nós…
Não, você não deve se libertar da obrigação para tirar um peso de suas costas, mas porque sabe que o outro ser humano, seja uma criança indefesa ou um velho de setenta anos, tem um Pai e Ele é o responsável.
O máximo que pode entender é que é o instrumento do Pai e que por isso apenas faz o que Ele quer e não o que acha que deve fazer. Vendo desta forma, se liberta da obrigação.