Participante: devemos aceitar as coisas que nos acontecem ou defendermo-nos delas, quando, por exemplo, somos vítimas de violência doméstica?
Lhe digo que você não deve aceitar nada nesta vida, mas também lhe digo que não deve rejeitar nada. Não deve se defender de nada, como também não deve atacar ninguém.
Na questão da defesa, Cristo foi bem claro: quando atacado, ofereça a outra face. Oferecer a outra face é justamente o que estou falando agora. Não é dar o outro lado do rosto para apanhar, mas sim não reagir.
Você me pergunta se deve aceitar as coisas deste mundo. Eu digo que não: você deve amar a tudo. Por mais que determinados acontecimentos lhe cause ferimento, você não deve apenas aceita-los, mas amá-los.
Quando falo em amar não estou me referindo a este amor bobo que vocês acreditam. Não se trata de bondade, de sentir-se leve porque apanhou. Não é isso que estou falando. Numa conversa que tivemos deixei bem claro que amar a Deus sobre todas as coisas é, ao invés de viver a agressão, como no seu exemplo, sentir-se amado por Deus através daquele acontecimento. Amar ao próximo como a si mesmo, quando você é agredido, é respeitar o direito do outro lhe bater.
Aí você me perguntaria: ‘quer dizer que vou apanhar pelo resto da vida’? Eu diria que não. Repare que estou falando em reagir a um acontecimento sentimentalmente, internamente, e não fisicamente.
Se no mundo físico, no mundo das ações você denuncia o agressor à polícia, se reage e provoca ferimento em que lhe feriu, isso é mundo físico, isso é prova. Essa ação não tem nada a ver com a evolução do espírito. Além disso, a reação também não foi escolha sua neste momento: é o planejamento das provações dos espíritos, tanto suas quanto do outro, feito antes da encarnação.
Então, veja, estamos conversando duas coisas diferentes. Uma coisa é a reação interna, é a vivência sentimental de um acontecimento. Outra coisa é uma reação através de atos ao que acontece. Uma reação por atos sobre atos que aconteceram.
Sobre esta segunda parte não posso falar como deve reagir, porque cada um reage como pré-programado. Sobre a primeira, Cristo foi bem claro: ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a única forma de reagir no mundo interno, no mundo sentimental que lhe leva a aproximar-se de Deus.