No momento de encarnar, o Espírito sofre perturbação semelhante à que experimenta ao desencarnar? Muito maior e, sobretudo, mais longa. Pela morte, o Espírito sai da escravidão; pelo nascimento, entra para ela. (O Livro dos Espíritos – pergunta 0339)

O espírito quando encarna passa por um período do quê? O que está sendo dito aqui?

Participante: perturbação.

Sabe quanto tempo dura a perturbação do espírito? A encarnação toda.

A perturbação causada pelo fato do ser sair do seu mundinho, sair de uma vida de liberdade absoluta, de uma existência onde existe paz e harmonia, para vir para cá dura a encarnação inteira. É por isso que o Espírito da Verdade afirma que é muito mais longa.

Quando sai da carne, o espírito morre logo. Logo se liberta do ego e tem consciência do que está ganhando. Já o espirito que está saindo do mundo espiritual tem consciência do que está perdendo para vir para cá. Por isso se perturba.

Apesar dessa perturbação, quando aqui está, por carma, a sociedade o humaniza e ele fica não querendo voltar. Realmente a vida é engraçada…  

Participante: imagino que a encarnação seja como uma morte do espirito. Uma morta para a vida espiritual com a intenção de encarnar aqui ou em qualquer planeta.

Não chamaria de morte, pois esse termo para vocês está muito ligado a término ou transformação. Diria que o ser entra numa estado parecido com o coma.

Participante: isso porque ele sabe que vai reencarnar sem consciência, sem lembranças. Realmente deve ser difícil para ele.

Sim, sem consciência, sem lembranças. Igual ao estado vegetativo do coma: o ser fica apagado sem saber se vai morrer ou não.

Participante: era como eu via a questão do encarne do espirito: como uma morte espiritual.

É uma morte para o mundo espiritual, sim, porque o espírito se desliga desse completamente. Não tem consciência dele, por mais que intercambie com ele. O ser não consciência do que é que está acontecendo no mundo espiritual porque não consegue compreender a verdade.

É solene para o Espírito o instante da sua encarnação? Pratica ele esse ato considerando-o grande e importante? Procede como o viajante que embarca para uma travessia perigosa e que não sabe se encontrará ou não a morte nas ondas que se decide a afrontar. (O Livro dos Espíritos – Pergunta 340)

Mais do que solene, o momento da encarnação é o momento de temor. É o momento de perturbação para o espírito. Perturbar-se porque ao fazer o livro da vida, preparar a encarnação, imagina que vai se dar bem. No entanto, por experiências passadas, sabe que nem sempre é isso que acontece.

A encarnação não é solene como o enterro, por exemplo. É um momento solitário. No enterro o espírito tem a consciência da existência de amigos ao seu lado, mas quando entra na carne não tem essa consciência, apesar dos mentores estarem ao seu lado. Não há uma festa para cada encarnação, como vocês fazem festa para cada nascimento. Pelo contrário, a festa é na volta, tenha se dado bem ou não durante a encarnação.

Na incerteza em que se vê quanto às eventualidades do seu triunfo nas provas que vai suportar na vida, tem o Espírito uma causa de ansiedade antes da sua encarnação? De ansiedade bem grande, pois que as provas da sua existência o retardarão ou farão avançar, conforme as suporte. (O Livro dos Espíritos – pergunta 0341)

Igual a um ser humano que, estando na escola, precisa fazer uma prova final. A ansiedade é a mesma. Diria que o espírito – que me desculpem a palavra, mas acho que ela traduz melhor do que qualquer coisa o que o ser sente – se borra todo na hora da encarnação.

É igual a uma mulher que engravida. Durante a gestação vive a vida maravilhada. No entanto, quando a barriga está grande, começa a ter medo da hora do parto. Enquanto era novidade estava tudo ótimo. Da mesma forma para o espírito enquanto: enquanto a perspectiva de encarnar era nova, enquanto estava só construindo o livro da vida, tudo era maravilha. Agora, na hora que o assunto começa a ser real, o ser começa a sentir o peso da responsabilidade.

A responsabilidade que me refiro foi a que assumiu junto a Deus. Essa responsabilidade quando na carne é esquecida, mas enquanto de posse da consciência espiritual é sentida.