Participante: se não há necessidades básicas como fica a questão da caridade, então?


Segundo o Espírito da Verdade, a verdadeira caridade existe quando há “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas” (pergunta 886). Dar alguma coisa sem estas posturas é não praticar a verdadeira caridade. Por isso o Espírito da Verdade fala mais: não reprovo a doação da esmola, “mas a maneira por que habitualmente é dada” (pergunta 888 a).
Ter a consciência de que a carência das necessidades básicas de um ser humano são reflexos do anseio do espírito não lhe leva necessariamente a não praticar a caridade como vocês entendem. Na verdade isso não dependerá de você.
Como já vimos, a vida humana é gerada pelo ser universal quando escolhe para si esta ou aquela provação. Se, como quebra de soberba o espírito pedir uma existência onde tenha que viver do favor dos outros, isso acontecerá com certeza. Para que ele viva desse modo é necessário que alguém lhe dê a esmola. Sendo assim, sempre haverá alguém para dar esta esmola.
Para este que serve de instrumento para a realização do anseio do espírito que agora está esmolando, existe também uma provação em curso. Qual é ela? A de dar praticando a benevolência, a indulgência e o perdão. Será que é possível se agir dessa forma aprisionado ao bom da mente?
Quando um espírito encarnado acredita que as necessidades básicas de todos os seres humanos precisam ser supridas (que isso é o normal) e não encontra esta realidade no mundo, ele é logo bombardeado pela mente com a ideia da existência de um culpado. Podem ser os governantes que não proporcionam oportunidades para todos ou não amparam os necessitados ou outros humanos que não praticam a caridade. É esta acusação que não deixa o bom se transformar em bem neste caso.
A verdadeira caridade precisa ser praticada com as posturas que o Espírito da Verdade falou com relação a todos os envolvidos na questão e não apenas para alguns. Será que a mente que acredita que exista um culpado por aquela situação tem benevolência, indulgência e perdão pelo que está mendigando, pelos demais ser humanos e pelos governantes? Certamente não…
Por isso o ato em si não pode ser considerado bem. Ele só será assim se as três características citadas pelo Espírito da Verdade estiverem presentes. Para isso o ser humanizado terá que se afastar do bom, ou seja, da ideia de que todos os homens devem ter suas necessidades básicas atingidas.