Por definição, espiritologia é a ciência do espírito. O que quer dizer isso? Vamos ver…
Ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado em método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas. O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento, quer seja este fruto de uma integração, correção (evolução) ou uma expansão da área de abrangência de conhecimentos pré-existentes.
A espiritologia é um sistema que parte das informações dos mestres espirituais da humanidade para investigar o pensamento humano. Seu corpo doutrinário é formado pela comparação entre as informações que os mestres transmitiram e a forma de pensar humana.
O corpo doutrinário que resulta desta comparação serve, então, ao ser humanizado espiritualista para fazer uma investigação de seus pensamentos e assim atingir a compreensão correta sobre as coisas deste mundo. Atingida esta compreensão, o ser humanizado pode, então, deixar de viver obrigatoriamente a conseqüência daquele pensamento.
Participante: o senhor pode nos dar um exemplo prático do que acabou de falar?
Sim. Imaginemos uma cena onde alguém retira de algum lugar algo que lhe pertence.
A provação do espírito se espelha nos acontecimentos da vida humana. A cada momento de uma existência carnal o ser humanizado está sendo provado num elemento da espiritualidade. Por exemplo, quando você é roubado está em provação no tocante à possessão das coisas. Possuir as coisas, como ensinou os mestres, não é uma atitude espiritual e, portanto, não deve ser vivida por aqueles que estão humanizados. Quando estes vivem isso, portanto, têm uma oportunidade, então, de se reformar, ou seja, mudar a sua vivência.
O que o pensamento tem a ver com isso? É ele que cria a idéia de você estar sendo roubado. O ato de alguém retirar alguma coisa que lhe pertença é a movimentação que existe na vida. Mas, para que esta movimentação seja qualificada como roubo é preciso uma declaração da mente que crie esta realidade. Só que para neste momento poder criar a idéia de estar sendo roubado, o pensamento antes gerou a idéia do possuir um determinado objeto, que você não percebeu, por estar ligado às idéias materiais que dizem que é normal se possuir as coisas.
A junção destas duas idéias (possuir e ver a ausência) cria, então, uma realidade que você vivencia. Ao fazer isso o espírito encarnado, que é você, está vivendo uma provação. Neste momento pode apegar-se ao possuir ou não. Apegando-se, sentirá falta, estará indignado e terá outras sensações que o ato de possuir traz. Não se apegando, vivenciará o acontecimento com uma sensação diferenciada da situação. É para isso que serve a espiritologia.
No momento em que a mente através do pensamento cria a idéia de ser roubado, aquele que está buscando a reforma deve usar do corpo doutrinário da espiritologia para analisar aquele pensamento. Faz isso comparando o que o pensamento diz que ele está vivendo com o que os mestres afirmam estar acontecendo naquele momento.
Espiritualmente, falando o que é o ato de alguém lhe roubar? Uma vicissitude que serve como provação para o ser encarnado. Esta é a compreensão correta sobre aquele momento e não a idéia de que está sendo roubado. Tendo isso na consciência, o ser humanizado, pode, então, não viver o desgosto de ter sido roubado. Com isso reformou-se… Mas, para chegar até aqui, ele precisa ir mais longe: descobrir o motivo pelo qual viu roubo naquele momento. Para isso precisa estudar a sua mente com a finalidade de conhecer profundamente as origens desta consciência. Só assim pode escapar de vivenciar o roubo e as sensações que acompanham esta compreensão.
Porque alguém sofre quando perde algo? Porque possuía aquela coisa. Aquele que não tem a posse do objeto não sofre quando este não mais está sob sua guarda. Usando a espiritologia, então, o ser encarnado pode verificar a existência do possuir, que os mestres não aprovam, agindo na formação daquele pensamento. Agindo novamente na análise do que formou aquela posse pode libertar-se desta forma de viver em outros momentos também.
Para explicar melhor a função da espiritologia em todo processo de reforma íntima, vou compará-la com uma atividade do mundo material. Acho que assim vai ficar mais fácil de compreender o que quero dizer: as provas que vocês fazem nos colégios. Digamos que alguém pediu para fazer uma prova sobre história do Brasil. Este é o tema da sua prova, o gênero de provação pedido. O professor diante deste pedido redige, então, as questões. Pergunta sobre a chegada de Cabral, sobre os imperadores, etc. O possuir é o tema da prova, o ser roubado é as questões da prova. O ato de perder a posse é, então, apenas um enunciado de uma questão sobre este tema.
O pensamento que lhe gera a idéia de ter sido roubado é o enunciado de uma questão que está sendo aplicada a um ser universal encarnado que pediu para ser testado sobre o tema possessão…
Acho que agora fica bem clara a importância da espiritologia. Ela é usada pelo espírito para compreender o enunciado da questão de cada provação. Isso é importante porque o ser encarnado, aquele que vive ligado a uma mente humana, vive no piloto automático, ou seja, vive a vida apenas com as afirmações e conclusões geradas pela mente. Com isso não consegue ver a sua provação acontecendo.
Racionalmente falando, ser roubado é um acontecimento onde há a consciência de ter perdido alguma coisa. Esta é a realidade que a mente cria. Ela é ilusória, pois não importa se perdeu ou ganhou, para o ser humanizado o que existe realmente é uma provação. Sendo assim, não há roubo e sim prova.
Investigando a mente o espiritualista verá o que criou a idéia de ter sido roubado. Conhecendo a origem do sentir-se roubado (possuir) este ser poderá agir na base no conjunto de conceitos que formam o pensamento e aos poucos ir alterando-os. Com isso poderá responder diferentemente esta questão neste momento e em outros quando houver novas questões sobre o mesmo tema usando enunciados diferentes. Com isso mudará a sua forma de reagir às questões que envolvam possessões.
Toda pergunta tem um cabeçalho e dispõe de múltiplas respostas que podem ser escolhidas. No caso da provação do espírito as respostas são as emoções com os quais se vive cada situação. Sem entender o cabeçalho da questão o espírito responderá apenas com o que a mente lhe indicar para viver, ou seja, as emoções que a mente diz que devem ser sentidas.
No caso do roubo o que surge para ser vivido como criação da mente é sofrimento: sensação de perda, indignação, carência, etc. Acontece que qualquer uma destas respostas é contrária à forma única que Cristo ensinou que devemos responder a todas as questões: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é uma das possibilidades que está sempre disponível para os seres humanizados a cada provação, mas na maioria das vezes não utilizada por estes porque não entenderam o cabeçalho da questão. Aliás, nem viram ali uma questão de sua provação, mas sim um ato material.
A resposta que Cristo ensinou todos vocês conhecem, mas fica difícil escolhê-la porque vocês não compreendem o cabeçalho da pergunta. A compreensão do cabeçalho da pergunta é importante porque como nas provas materiais muitas vezes eles contém pegadinhas que levam aqueles que não entenderam bem este ponto a responder com uma determinada resposta que não é correta.
No caso do roubo, a pegadinha é estar em achar que você é o dono do objeto roubado. Acha isso porque acredita que foi você que trabalhou e ganhou o dinheiro para comprá-lo. Tudo isso são declarações da mente que são falsas se nós analisarmos a existência do ser humanizado à luz das informações dos mestres espirituais. Veremos isso no transcorrer de nossa conversa…
Por causa destas falsas compreensões que a personalidade humana cria, conhecer a aplicação e usar a metodologia científica da espiritologia para identificar o cabeçalho da prova é importante para todo ser encarnado.