Participante: o que o senhor disse sobre o sofrimento ser bom para os espíritos não quer dizer que a Boa Nova trazida pelos mestres, principalmente Cristo, que diz que existe uma felicidade plena a ser vivida é ilusão ou irreal. Quer dizer apenas que as informações dele foram usadas para o serviço ao desejo humano, para favorecer as vontades humanas. Certo?

Os ensinamentos dos mestres foram colocados pela mente à disposição da satisfação humana, usados para a satisfação dos desejos humanos, interpretados usando o egoísmo, que é característica primária da mente. Os mestres nunca buscaram esta satisfação. Mais: sabiam que o desejo humano não está de acordo com os anseios espirituais. Esta informação pode ser constatada com a observação de duas conversas que Cristo tem com Pedro, onde contesta os anseios humanos do apóstolo.

Na primeira, Cristo diz em uma reunião com seus apóstolos que eles irão sair pelo mundo levando a Boa Nova e que ao final ele será crucificado em Jerusalém. Paulo, então, conclama a todos a orarem a Deus para que isso não aconteça. O mestre responde: cala a boca Pedro, você está falando como um ser humano.

A segunda acontece quando Pedro saca da espada para atacar os soldados que o estão prendendo Cristo no jardim. O mestre manda o discípulo guardar a espada e afirma: “Por acaso você pensa que se eu pedisse ajuda ao meu Pai ele não me mandaria logo doze exércitos de anjos”?

Nas duas intervenções a base para as afirmações de Cristo é a seguinte: você acha que eu não vou viver tudo o que meu Pai destinou para mim? Se não vivesse, como poderia acontecer tudo o que já estava previsto? Só o humano acha que isso é possível…

O anseio humano que leva à interpretação que se faz dos ensinamentos dos mestres é contrário a tudo o que foi previsto para a encarnação de um espírito. Isso porque o anseio do espírito é um e o do ser humano é outro. Mas, ainda vamos falar sobre isso nesta conversa… Por hora é preciso compreender apenas que quando Cristo responde a Pedro desta forma está querendo deixar bem claro que os ensinamentos não têm a menor intenção de atender aos anseios humanos. Os ensinamentos são um caminho para serem seguido, mas o que se alcança com a prática deles não está preso aos anseios humanos.

Usei Cristo para falar dos ensinamentos, mas poderia usar qualquer outro mestre, pois todos disseram a mesma coisa. Portanto, quando afirmei que a interpretação dada ao ensinamento deste mestre não era real, não pretendi atacar as doutrinas cristãs. Todas as religiões são formadas por interpretações dos ensinamentos de mestres que estão presas ao anseio humano. Por isso já afirmo há bastante tempo: a sua religiosidade atrapalha a sua espiritualização.

Quem vive a sua religiosidade, a crença nas interpretações dos ensinamentos geradas pelas religiões, não vive a sua espiritualidade porque ainda está preso ao egoísmo. Quem vive a sua espiritualidade vive ligado a Deus e com isso pede sempre que seja feita a vontade do Pai e não a dele, como manda Cristo ao ensinar o Pai Nosso.

Aquele que procura aproveitar a oportunidade da encarnação se liga a Deus e vive a sua existência sem estar apegado às posses, paixões e desejos gerados pela mente. Essa deveria ser a base para a interpretação dos ensinamentos das religiões, mas, como não é, quem se liga a elas vive para a sua própria humanidade. Isso não leva ao aproveitamento da encarnação.

As interpretações das religiões dos ensinamentos dos mestres são totalmente fundamentada no bom e não no bem.