Participante: o senhor está falando que a harmonia depende da existência de diversos grupinhos dentro de uma comunidade?
Se não houver grupinhos dentro de uma comunidade jamais haverá a condição de haver uma convivência harmônica entre os membros dela. Você está achando que sou maluco por pensar assim, mas não se apresse. Espere explicar o que estou dizendo…
Digamos que numa comunidade da qual você participe existam dois grupinhos. Como poderia conviver harmonicamente com todos os participantes se pertencesse a um deles? Certamente acha que isso é impossível e que só haveria uma convivência harmônica se não houvesse grupos, mas lhe pergunto: quantos grupos existem em qualquer comunidade? A resposta é: tantos quantos forem os participantes…
Na verdade cada ser é uma individualidade completamente diferente do outro. Por isso cada um possui um conjunto de norma, paixões, posses e desejos diferentes. Sendo assim, cada ser humano é um grupinho isolado dentro de uma comunidade. Portanto, não há como não haver grupos diferentes dentro de uma comunidade. Eliminando-se esta possibilidade, acabamos com a utopia que uma comunidade poderia existir sem a presença de grupinhos diferentes.
Agora que acabamos com a utopia e chegamos à realidade (sempre haverá grupinhos numa comunidade) o que lhe resta fazer para conviver harmonicamente com todos? Trabalhar em si mesmo o dar o direito ao outro grupo de pensar diferente das pessoas daquele que você se afina. Esta é uma ação possível e real e o leva a alcançar a vivência que quer; agora, sonhar que um dia haverá uma comunidade que contenha membros completamente afinados, ou seja, que não tenha grupinhos isolados, jamais o levará à vivência harmônica com os outros, pois como vimos, isso é uma utopia.
Portanto, só quando há grupinhos dentro de uma comunidade há a condição de haver uma convivência harmônica entre os seus membros. Por isso, não importa com qual deles você tenha afinidade, respeite o direito dos outros terem opiniões diferentes ao invés de se criticar por estar de um dos lados ou de querer que os outros mudem o seu jeito de pensar.
A convivência harmônica com as coisas deste mundo que leva o ser humano a amar-se verdadeiramente só é alcançada quando este ser trabalha em si os pensamentos que querem gerar uma obrigação do próximo aceitar e acreditar nas suas verdades. Ela jamais poderá ser fruto de uma mudança do modo de agir ou mudança de comunidade.