Participante: vejo que quando o senhor fala generaliza muito as coisas. Eu, por exemplo, dou plena liberdade ao meu filho e não cobro nada dele. Estou amando universalmente?
Claro que não. Para você a norma é libertar o filho. Esta liberdade que concede a ele não é, portanto, algo liberal, mas resultado da submissão a uma norma.
Além do mais dizer que não cobra nada dele é também uma falácia. Com certeza você ainda espera que dentro da liberdade que dá ao seu filho ele aja, como vocês dizem, com juízo. Você dá a liberdade a ele, mas ainda espera que ele a utilize de uma forma que não gere nenhum perigo a si mesmo.
Este é o preço que você cobra do seu filho por conta da liberdade que dá a ele. Também expressa, mesmo que inconscientemente, um desejo. Por conta dele, se o seu filho não agir com juízo quando você lhe dá liberdade irá sofrer. Mais: cobrará dele…
Quantas vezes você já teve conhecimento de pessoas que não prendiam seus filhos e quando eles agiam dentro do conceito destas pessoas de uma forma considerada negativa, elas cobravam: ‘meu filho, porque você foi fazer isso… Nunca lhe faltou nada em casa…’ Esta indignação é a prova que existia uma perspectiva que não foi atendida.
Quem realmente liberta o seu filho, mais do que não impor horário, ele não gera expectativa nenhuma. Ele não interroga para saber o que o filho fez, não questiona se estava com pessoas que considera boa ou não, não tem a expectativa que tudo vai correr bem quando estiver longe.
Na verdade a libertação que a mente lhe diz existir nada mais é do que uma regra. Esta é considerada como boa ou elevada para que você viva submissa a ela e não repare que está servindo somente à humanidade.
Repare: todo mundo acha que a regra que vive é boa. Aquele que segue o caminho que afirma que é preciso castigar o filho, acha que fazer isso é bom para o futuro dele. Aquele que fere alguém com uma crítica acredita que é importante alertar o outro para o erro que está cometendo. Isto é desta forma para que, iludido pelo maya que dá poder de real ao que é pensado, o ser humanizado não veja que está apenas vivendo criações mentais que se submetem a regras individuais e não agindo universalmente.