Participante: Explique-me melhor a sua afirmação que diz que o ato do meu inimigo é o amor de Deus em ação. Como o meu inimigo é a presença de Deus?
Veja… Você não é um ser humanizado, não tem vida e, por isso, não participa de atos. Você é um espírito que tem uma existência eterna. Aquilo que você chama de atos humanos, na verdade, fazem parte da existência humana, mas não com os valores que representam agora para você, mas como provações da sua caminha espiritual. Ou seja, o ato do seu inimigo desta vida carnal é o seu carma, é uma provação. Por quê? Porque o ato do seu inimigo trabalha justamente esta questão da paixão.
O que é ser seu inimigo? É ser uma pessoa que não satisfaz as suas vontades… O que é o ato que ele pratica? São atitudes que não satisfazem os seus desejos…
Como já estudamos, o desejo, a vontade e a paixão são elementos carmáticos, ou seja, são provas. Assim, quando o seu inimigo lhe faz alguma coisa, está criando uma oportunidade para você vencer seus desejos, paixões, posses e com isso vencer o seu egoísmo. Quando você não compactua com aquilo que a mente cria usando-se destes elementos, alcança a elevação espiritual.
Costuma se dizer que a ação do seu inimigo é um presente de Deus, fruto do amor do Pai, porque é a oportunidade para o espírito realizar o objetivo da encarnação. Se não houvesse estas provas, não haveria encarnação e nem elevação espiritual.
Então, o ato do inimigo é uma dádiva de Deus porque é a oportunidade do trabalho. Mas, o ato do amigo também, pois ele mexe com paixões, vontades e desejos iguais ao ato do inimigo.
Na verdade, o que você precisa se libertar é da paixão – do amar porque, do não amar porque – e alcançar o amor que Cristo ensinou e que é incondicional e universal. Repare que para mudar a sua compreensão do ato do seu inimigo (de mal para fruto do amor de Deus) só alterei uma coisa: a sua forma de ver. Não alterei em nada o acontecimento, ou seja, não mudei a ação.
NOTA: Na resposta à questão 851 de O Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade afirma que os acontecimentos da vida ocorrem de acordo com a escolha feita pelo espírito antes de encarnar. Apesar disso, afirma ainda o mentor de Allan Kardec, que o ser universal continua, no tocante às provas morais e tentações, livre para escolher entre o bem e o mal.
Para o humano a felicidade está na satisfação material, prazer. Por isso ele precisa adequar as ações às suas vontades e paixões para ser feliz. Quando os acontecimentos não coincidem com o que o humano acha certo, o ato do inimigo transforma-se em ruim, mal. Já para o espírito, a realização está na boa execução de suas provações. Por isso o ato do inimigo passa a ser bom, ótimo e perfeito para quem quer se elevar.