Participante: sinto que a curiosidade pelo futuro é impulsionada, no meu caso, por uma insatisfação com o presente. Acho que quero que algo aconteça logo para acabar com meu período de provas, terminar esta etapa. Parece que tenho pressa e agonia. Parece que estas notícias me soam como uma esperança de algo que vai me tirar daqui, de algo que, inconsciente ou conscientemente, quero fugir.
Você me lembrou o versículo onze do capítulo segundo de o Bhagavad Gita. Depois de Arjuna falar muito, e falar bonito como você o fez, Krishna diz assim: você falou bonito e quando falou parecia até um sábio, mas o verdadeiro sábio não vive assim.
Aquele que quer viver a sua paz não acredita nos argumentos bonitos que você usou, pois a paz não é um trabalho para se conquistar a longo prazo. Você não pode trabalhar hoje para ter paz depois que morrer ou na semana, no mês que vem ou no dia que vai encontrar o namorado. Não dá para trabalhar assim.
A luta pela paz acontece no presente. Por isso é preciso se trabalhar a cada presente. É preciso trabalhar junto aquilo que está acontecendo naquele momento. Não dá para se prender nos argumentos que usou.
Repare como o discurso da sua mente, que volto a dizer é muito bonito, parece louvável, está apenas lhe tirando do presente. Você fala assim, quero acabar com as provas, mas só há uma forma de acabar com isso: aprendendo a ser feliz hoje. Quando fala assim, sua mente está lhe levando a fugir da luta pela felicidade hoje gerando a expectativa de ser feliz amanhã. Impossível. Se não aprende hoje a viver em felicidade, amanhã não conseguirá ser feliz nunca.
Então, repare, isso é apenas discurso da sua mente. Não é seu. E você está se deixando levar pela mente.