Participante: quando não aparecer nenhuma apresentação, eu agradeço a falta dela, mas é inevitável que se experimente como algo desagradável. Gostaria que comentasse como lidar com essas sensações desagradáveis que são inevitáveis?


Sabendo que não é inevitável.
Na verdade, você não é obrigado a sofrer. Sofre porque quer, porque gosta, porque faz bem para você.
Esse é que é o grande problema que falei no início de nossas conversas: vocês acham natural sofrer, mas isso não faz parte da natureza universal. Só sofre quem deseja, quem tem paixão, quem tem posse. Mais ninguém sofre no universo.
Portanto, não é que seja inevitável, mas é que está caindo no abismo que a mente está lhe empurrando porque ela diz que isso é inevitável. Para isso cria razões: tem que se preocupar com o futuro, afinal de contas, se não trabalhar não tem dinheiro. Tem que estar preocupado com o sustento de sua família, tem que provê-la. Não tem. Se fizer fez, se não fizer, não fez.
São essas criações mentais que você acha certas, sublimes, bonitas e que humanamente falando correspondem a uma pessoa boa, preocupada com a vida, que lhe faz aceitar como algo inevitável o sofrimento que a mente lhe dá. Preocupar-se por não ter o que comer não leva inevitavelmente ao sofrimento. Pode levar à preocupação, mas ao sofrimento não.
Além do mais, apesar desta preocupação ser considerada algo como certo de ser feito, ela não está no caminho da felicidade. Cristo ensinou: se Deus dá comida aos animais e passarinhos, porque não daria para você?
Portanto, nem se preocupar você deve, quanto mais sofrer. Só que a mente diz que isso é bonito, que isso é humanamente correto e você se deixa levar pelo que ela cria. Neste caso vai como um barquinho sendo empurrado por ela ladeira abaixo em busca da dor.