Participante: este seu discurso de aceitação das coisas é criticado por muitos. Eles dizem que se não fosse a indignação com a realidade e um consequente movimento de transformação para a melhoria da situação estaríamos ainda compactuando com a escravidão, barbárie, genocídio, cárceres, etc.


Se acreditar nisso, sofrerá quando me ouvir. Se não acreditar não sofrerá quando isso acontecer. Se acreditar em mim, terá prazer em me ouvir. Não importa o que eu falo ou o que os outros falam você tem que ficar equânime o tempo inteiro.
Já respondi, mas me permita avançar um pouco no tema. Isso é discurso daqueles que acham que alguém faz alguma coisa. A esses eu pergunto: porque não acabaram com todas estas coisas que eles dizem que estaríamos vivendo? Sim, apesar de dizerem que podem fazer e que por poderem não estão mais nessas épocas, nada disso mudou. Até os dias de hoje existe escravidão, barbárie, genocídio e cárceres.
Novamente vou falar da hipocrisia humana. É muito bonito dizer que se acabou com a escravidão, mas o que existe de escravo por este mundo afora. É muito simples dizer que se acabou com a barbárie, mas coisas bárbaras acontecem diariamente. O pais que mais prega a liberdade é o primeiro a invadir outro, por qualquer motivo inventado, para tirar a liberdade das pessoas daquele lugar.
É hipocrisia. Em nome de algo que diz que seria bom, faz aquilo que condena nos outros.
Compreenda isso. O discurso é um, mas a ação é outra. Isso se chama hipocrisia. Vou dar só um exemplo.
Os Estados Unidos invadiu um país e motivou essa invasão no fato do governo exigir que as mulheres de lá usassem roupas longas e andassem de rostos cobertos. Disseram que um dos motivos para a invasão era libertar as mulheres disso. Pois bem, invadiram, libertaram e por motivos religiosos as mulheres de lá continuam andando com a mesma roupa.
Aquelas mulheres gostam daquela roupa. Por tradição querem usá-las. Mas, como o povo ocidental não gosta, diz que lá estão errados e que é preciso ajuda-los a se tornarem como esse povo gosta.
Tem mais: meu discurso não é de aceitação. O que falo não é isso, mas digo que você não deve ter opinião alguma sobre qualquer coisa. Nem que sim, nem que não.