O Livro dos Espíritos – Pergunta 997

Veem-se Espíritos, de notória inferioridade, acessíveis aos bons sentimentos e sensíveis às preces que por eles se fazem. Como se explica que outros Espíritos, que devêramos supor mais esclarecidos, revelem um endurecimento e um cinismo, dos quais coisa alguma consegue triunfar?
A prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios, chegando mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns desgraçados Espíritos, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia em que um clarão de arrependimento se produza neles. (664)

No texto, desgraçados é usado no sentido de sem a graça. Não é no sentido de ser um safado.
Novamente o que já falamos: arrependimento é mudança de consciência e não enriquecimento de cultura. Ninguém se arrepende racionalmente. Arrependimento é uma mudança conscencial. Uma mudança de consciência não racional, mas emocional.
Sendo assim, aqueles que passam a amar quem não amavam, se arrependem do individualismo. Esses são salvos. Mas, aqueles que sabem culturalmente qual é o certo e se arrependem do que fizeram, mas não passaram a amar, não mudaram nada.
A partir dessa consciência, oriento: não se apeguem em ensinamentos de mentores, auxiliares, anjos que têm uma palavra, uma história bonita para contar ou um ensinamento aparentemente profundo, mas que crie obrigações e valores para que se ame. Fixem-se apenas naqueles que dizem ame, que retire toda e qualquer restrição para amar.
O que acabei de falar é importante. Vocês procuram nos mentores aqueles que passam a mão na cabeça, que atribuem a culpa sempre a outro ou aqueles que podem dar maior cultura, mas confiar neles é perigoso, além de ser uma ilusão. Esse não é o mentor que pode lhe ajudar.
É muito melhor aquele que chega e põe o dedo na sua cara e mostra realmente o que causa a ferida: seu individualismo, seu apego às posses, paixões e desejos. Assim você tirar o carnegão lá de dentro. Agora, se ficar sendo paparicado por um espírito que está lhe induzindo ao individualismo (dizendo que está certo e o outro errado), corre o risco muito grande de ter que voltar. .
Essa é outra posição que o ser humanizado que quer aproveitar a encarnação precisa mudar. Precisa deixar de procurar os amigos espirituais buscando palavras bonitas ou conhecimentos profundos e começar a busca-los para que mostrem o caminho que precisa ser seguido, por mais amargo que seja. Precisa procurar os amigos para que mostrem o que precisa ser despossuído, por mais que esteja apegado as coisas desse mundo.
Afinal de contas, todos os espíritos encarnam para reformar-se, para fazer a reforma intima. Se o amigo espiritual não mostra o que precisa reformar e simplesmente fica dizendo amém para aquilo que você acha, não se muda nada.


Participante: não se deve perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito.

Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento. (nota de Kardec)

Você repetiu o que eu disse: a morte não é um acontecimento mágico. Nada altera na vida do ser quando ela acontece, porque o ego continua sendo o mesmo. Sendo assim, os mesmos conceitos continuam agindo.