O Livro dos Espíritos – Pergunta 995a
Não desejam esses Espíritos abreviar seus sofrimentos?
Desejam-no, sem dúvida, mas falta-lhes energia bastante para quererem o que os pode aliviar. Quantos indivíduos se contam, entre vós, que preferem morrer de miséria a trabalhar?
Imagino que as pessoas que me acompanham há algum já descobriram qual será o efeito da pratica dos ensinamentos que trazemos: quem conseguir superar o ego, superar as paixões humanas – que que como diz o Espírito da Verdade são paixões animais, de gozo animal – terá como única mudança na sua existência carnal o fato que viverá os acontecimentos com felicidade universal, felicidade incondicional.
Ou seja: a vida não mudará em nada. Todas as coisas materiais poderão ser vividas, se estiverem programadas para ser disponibilizadas ao ser. Só que ele não mais sentirá sofrimento na ausência de alguma coisa.
Eu diria, que tirando qualquer aspecto espiritualista da questão, que esse também é o objetivo primário do ser humano. Pergunte a qualquer um; ele sempre dirá: ‘eu quero ser feliz! Quero ter uma felicidade duradoura! Quero ter uma felicidade eterna’!
Apesar dessa coincidência, muitos acham errado o que falamos. Alguns se esquivam dizendo que não conseguem fazer. Outros dizem que tudo isso é besteira.
Ora, se você quer ser feliz e se estou mostrando e provando que vivendo com as premissas que comento será, porque não fazer? Eu mesmo respondo: porque está mais apaixonado por suas verdades do que pela felicidade que diz querer ter.
Há uma diferença entre ser feliz e ter o prazer de conquistar, de dominar, de estar certo, de ser bonito, de ser o bonzão. A maioria dos seres encarnados afirma estar preocupada com a felicidade, mas o que quer é alcançar o prazer.
Ele não quer ser feliz: o que quer ter o prazer através da conquista de uma vida tranquila, um emprego bom, dinheiro para poder comprar objetos, uma família constituída. Por isso quando se mostra um caminho para a felicidade, mas que vá contra essas paixões, as pessoas lutam contra. Lutam porque querem preservar o sonho de que poderão ser feliz sem se mudar, sem abrir mão de nada.
A vida tem um objetivo único: reformar-se, mudar-se. A vida ou a existência carnal de um espírito, não foi criada para o deleite material. Ela foi criada com o objetivo do trabalho espiritual. Que trabalho é esse? Viver em felicidade plena.
Essa compreensão é a única coisa que pode começar a lhe movimentar no sentido de se aproximar de Deus. Quem ainda espera, acredita que pode ser feliz usando as coisas materiais para isso, ou seja, que pode realizar todos os seus sonhos materiais, jamais será feliz verdadeiramente. Por quê? Porque como Cristo ensinou, não deve se amealhar bens na Terra, mas no céu.
A felicidade incondicional que estamos falando é a bem aventurança que Cristo ensinou. É o bem celeste, a glória e a graça de Deus vivendo em você.
A partir da compreensão do que estamos falando agora, você terá condições de trabalhar no sentido de aproximar-se de Deus, de exercer a fé, de amar. Mas, enquanto não conseguir compreender que não está vivo, mas que está vivendo uma encarnação, que não é um ser humano, mas um espírito em provação, não há reforma alguma que possa ser realizada.
Quem ainda acha que é um humano vivendo uma vida vai viver como todos vivem. Só a mudança da consciência, a alteração de uma crença, de uma forma de ver realidades, pode ajudar. Sem a reforma do íntimo, sem a mudança das crenças atuais, nada há de ser conseguido.
Para quem me falou de destruição do planeta digo: reforme-se, não acredite em destruição. Para as pessoas que acham que o assassinato é um ato horrível, digo: reformem-se. Aprendam que existe uma Causa Primária de todas as coisas que dá a cada um segundo as suas obras. Às pessoas que acham que podem criticar o próximo simplesmente por não acreditarem nas mesmas verdades e acham que têm o direito de mudar o outro, digo: reformem-se. Amem e deem ao próximo o direito de ser estar e fazer o que quiser.
Sem isso nada vai ser conseguido. Enquanto houver uma verdade, uma paixão induzindo você a acreditar que só a realização dos desejos pode lhe trazer felicidade, não há comunhão com Deus. O ser humano com todas as suas paixões e desejos é o inimigo de Deus segundo Paulo. O espírito é o filho querido de Deus, aquele que vive o amor universal como único trabalho dessa vida.