Participante: o senhor está falando da escala de valores para os acontecimentos da vida que cada um dá aos acontecimentos?
Não existe uma escala de valores que você aplique às coisas do mundo. Na verdade, não é você que aplica valores à vida, mas a mente.
A escala de valores não é sua, ou seja, não representa a sua opinião sobre o acontecimento, mas ela é gerada pela mente. No entanto, ela foi gerada por você. Vou tentar explicar o que estou dizendo.
A escala de valores que cada um convive durante os acontecimentos da vida não foi gerada por você, o ser humano, mas pertence a você, o espírito. Ela não foi criada por você, mas sim por conta do gênero de provações pedidos pelo ser universal antes da encarnação.
A personalidade humana ou o ser humano que você imagina ser agora é apenas o instrumento da provação do espírito e não um elemento do Universo que possua qualquer ação. Ela é uma ilusão que tem por finalidade gerar as provações a partir dos gêneros de provas pedidas pelo espírito antes da encarnação. Desta forma, quando diz que você gerou um determinado valor para alguma coisa está cometendo um equívoco.
Todos os valores com os quais convive durante uma vida foram formados pelo Senhor das encarnações para que aquele acontecimento e a reação que a personalidade humana à qual está ligado teve naquele momento gerem a provação dentro do gênero de provas pedido antes da encarnação. Vou lhe dar um exemplo.
Imagine que você gosta de determinada coisa. Isso é uma paixão que está ligada a uma posse. Estas posses podem ser morais (eu sei), sentimentais (eu amo) ou do objeto (é meu). Quando esta possessão e a paixão são geradas pela mente e você as aceita, surge, então, o desejo de ser, estar ou fazer aquilo que é desejado. Tudo isso, entretanto, só existe para o mundo ilusório, o maya que o ser universal vivencia para a sua provação.
O espírito não é, está ou quer fazer nada. Quando estas coisas são geradas pela mente, ele tem apenas a opção de livre escolher entre o bem e o mal, conforme ensina o Espírito da Verdade. O mal, neste caso, é apegar-se a estes valores e desejos como sendo seu. Isto é mal porque o espírito quando se apega a estas coisas não está amando a Deus sobre todas as coisas, pois o não conseguir o que se deseja leva ao sofrimento o que o afasta de Deus. Sendo assim, o bem ocorre quando o ser, mesmo sendo fustigado pelas posses, paixões e desejos não compactua com a mente.
Sendo tudo isso verdade, você, o espírito não quer nada, não acha nada. Só a personalidade humana acha e esta não é você: trata-se apenas de um tentador que gera a oportunidade para o espírito realizar suas provas.
Isso é importante de ser sabido? Sim. Por quê? Porque na hora que você tiver que reagir contra mudança do eixo, se achar que gosta ou que quer, dificilmente conseguirá libertar-se do sofrimento. Aquele que imaginar que estas coisas são suas, ou seja, que é ele quem quer e gosta, terá mais dificuldade para se libertar.