Evangelho de Tomé – Logia 110
“110. Disse Jesus: Quem encontrou o mundo e se tornou rico que renuncie ao mundo”.
Um dia, nas terras de Cafarnaum, um homem questionou ao Rabi: “Mestre, o que posso fazer para alcançar a evolução”?. Jesus foi claro: ”Siga todos os mandamentos deixados pelos profetas.”.
O homem afirmou que já agia assim, mas que ainda não havia alcançado a felicidade. Jesus, então, deu a este homem o ensinamento: “Abra mão de suas posses e Me siga”. Neste momento, o homem desistiu de ser feliz.
Apesar de antigo, este diálogo é atual. Da mesma forma que este homem, o ser humano vem há dois mil anos buscando ser feliz seguindo as leis trazidas pelos profetas judaicos e não consegue, pois ainda não aprendeu a abrir mão de suas “posses” e viver com amor ao próximo e a Deus acima de todas as coisas.
Assim como este homem, que poderia por sua missão ter se transformado no décimo terceiro apóstolo de Jesus, todos os seres humanos são convidados diariamente a também o ser, pois quem conseguir a felicidade a espalhará sobre o planeta, ajudando o Mestre na sua obra. Infelizmente, o ser humano ainda não está disposto a abrir mão de suas “posses” e, por isto, continua não aceitando o convite da espiritualidade para servir ao Pai.
A defesa do ser humano atualmente é que não se pode viver sem as coisas materiais.
Não se pode deixar de trabalhar, pois é necessário o salário para comprar o alimento. No entanto, no tempo que Jesus veio à carne, também existia a moeda e ela era necessária para adquirir alimentos. Não se pode deixar de ter uma casa para não se ficar ao relento, mas, nos dias de Jesus, existia a chuva e o relento.
Qualquer bem material que o homem fale da sua necessidade nos dias atuais existiu, talvez não na mesma forma, mas com a mesma essência no tempo de Jesus. O automóvel não existia, mas os homens de então possuíam carroças que também são meios de locomoção. Além disso, não existem posses que todos tenham, ou seja, alguns sobrevivem sem determinados objetos, inclusive o alimento. Só isto já serviria para mostrar ao ser humano que as posses não são necessárias, mas desejadas.
Em todos os tempos, os objetos são possuídos, não pela sua necessidade, mas sim pelo desejo. Possuir uma coisa não é apenas tê-la, pois a posse começa a partir do momento do desejo de ter. É esta vontade que determina o caminho que será seguido (intenção da vida). Se o ser humano deseja coisas materiais, viverá para conquistá-las; se desejar ser feliz, encaminhará a sua vida nesta direção.
Agora, o diálogo de Jesus com o décimo terceiro apóstolo começa a ser compreendido: além de seguir os mandamentos, busque a elevação espiritual. Esta deve ser a realidade daquele que vence as suas provas.
Ao invés de ter um emprego para comprar coisas, trabalhe materialmente para a sua elevação espiritual; não se alimente pensando em manter a saúde, mas sim para poder servir melhor a Deus. Viver sem possuir as coisas é utilizar todos os acontecimentos e objetos materiais como instrumento da elevação espiritual.
Até hoje, a maioria dos espíritos que vêm fazer provas não conseguiu entender este ensinamento e continua a desejar coisas materiais para poder alcançar a felicidade universal.
O ser humano quer se melhorar para poder retornar ao seu próprio mundo em glória, mas busca, para isso, o caminho largo, o da satisfação pessoal; deseja e possui as coisas materiais para alcançar o reino do céu, que jamais será alcançado desta forma.
Para ser feliz, o espírito precisa abrir mão de seus desejos, precisa aceitar todos os acontecimentos de sua vida. Foi isto que Jesus ensinou e afirmou, ou seja, que esta forma de proceder transformaria a cada um no décimo terceiro apóstolo.