Apesar desta realidade, poucos são os que estão dispostos a realizar esta libertação. Por quê? Porque o espírito gosta do resultado da ação do egoísmo… Quando alguém faz o que você quer, lhe trata do jeito que gosta de ser tratado e concorda com tudo o que diz, alcança o prazer e sente-se realizado. É por isso que não quer se libertar do ego.
No entanto, como ensinado pelos mestres, todos um dia terão que realizar, ou seja, em uma encarnação qualquer você terá que se libertar de todas as conscientizações não se deixando levar pelo egoísmo. Agora, repare que falei todas e não apenas aquelas que você acha que deve libertar-se, ou seja, do que considera errado fazer. Quando se fala de libertação das conscientizações é preciso compreender que mesmo o que a humanidade diz que é bom ou certo ainda é uma ação egoística.
Por exemplo: ser mãe. Esta é uma consciência que o espírito humanizado recebe do ego ao perceber o ‘nascimento’ do filho. Ela é um carma, uma prova e não uma ‘missão divina’ como define os seres humanos.
Isto porque o espírito que se compreende como mãe age egoisticamente. A mãe só acredita no amor dela pelos filhos; só o que ela sabe o que é melhor para ele. Ou seja, não entrega o destino do filho na mão de Deus, que é o verdadeiro Pai deste espírito. Por que isso? Porque todas as compreensões deste ser humanizado estão fundamentadas numa posse sentimental (‘é meu filho’) e numa posse moral (‘eu sei o que é melhor para ele’).
Então, encerrando o assunto dos apegos, as compreensões que o ego gera para o espírito encarnado (carma), além de concretizarem possessões, ainda consagram o apego à vida material e no desejo do prolongamento da humanidade deste ser.
E, como o carma é uma prova, é por isso que nas realidades construídas pelo ego a vida do ser humanizado está constantemente sobre ameaça. Portanto, o medo da morte com o qual os seres humanizados vivem é também um carma, ou seja, uma oportunidade para exercer a fé em Deus.
Participante: Existe o falar minha casa sem o sentimento de ser minha casa, mas apenas porque não existe outra forma de falar desta realidade?
Eu não falei em falar… Até agora eu não abordei atos e nem vou falar sobre isso, porque o carma é uma compreensão racional, uma compreensão que lhe vem pelo raciocínio.
Respondendo a sua pergunta, fale o que quiser, mas se achar (tiver a compreensão interna) que a casa é sua não se libertou deste carma.
Libertar-se do carma não é falar ou deixar de falar determinadas palavras, pois o carma não está no ato, mas em compreensões que se expressam pela razão, por aquilo que você acredita interiormente. Portanto, se você acredita que a casa é sua interiormente, mesmo que da boca para fora diga ao contrário, ainda está preso ao egoísmo. Por isso, ainda precisará viver repetidamente carmas sobre este assunto, já que ainda não se libertou desta provação.