Da intenção egoística nascem os carmas possessivos, ou seja, compreensões racionais baseados em posses. Delas surgem as paixões e, fundamentada nestas últimas nascem os desejos, positivos e negativos. Conhecendo a presença de cada um destes frutos do egoísmo nas compreensões que tem das coisas da vida, dá para compreender melhor a ação carmática. Vamos, portanto, buscar entender cada um destes elementos.


Existem três tipos de posse que surgem pela ação egoísta com a qual se fundamenta o ego: a posse dos elementos materiais, a posse sentimental e a posse moral…
A posse dos elementos materiais é aquilo que é expresso através da compreensão é meu. Todo carma, ou seja, toda compreensão (conscientização) fundamentada no é meu, caracteriza uma provação para o espírito encarnado dentro do gênero de provações vinculado à possessão de elementos materiais.
Imagine-se na sua casa… Olhe à sua volta… Tudo isso que está vendo é seu? Sim, é isso que você acredita. Mas, esta compreensão não é real, pois tudo que existe é do universo e a prova maior disso é que você não tem controle sobre nada: o imprevisto (Deus) dispõe daquilo que você diz que é seu ao seu bel prazer.
Por isso, a compreensão que você tem sobre eles (é meu) trata-se apenas de uma possessão destes elementos materiais e não de uma realidade… Esta compreensão racional só existe para você como carma, como instrumento de provação e não como realidade. É uma prova para o seu egoísmo de achar que é alguma coisa é sua.
Olhe para seu corpo. Achar que ele é seu é uma posse de um elemento material, é uma consciência que o ego gerou como prova, como carma, porque nela está embutido o egoísmo através do gênero possessão dos elementos materiais.
Veja bem. Se o universo é uno, como afirmam os mestres e como a física quântica já está começando a provar, não existem propriedades particulares nele, pois não existe nem a própria particularidade. Aliás, como diz o Espírito da Verdade, o ser humano tem o direito à propriedade particular, mas assim que a conquistar deve franqueá-la a todos. Então, não há particularidade nenhuma nesta propriedade.
Portanto, aí está um carma para os seres universais humanizados: tudo o que cada um acreditar (ter consciência) que é seu, é um carma. E, aquilo que você imagina ser seu (o objeto ou a pessoa) é apenas o instrumento para uma conscientização, ou seja, para que um carma surja e assim uma provação seja vencida.
Posse dos elementos materiais: isso é carma.
Outra posse: posse sentimental. Ela é expressa pelas compreensões eu gosto, eu amo, eu não gosto, eu tenho raiva.
Ter qualquer sentimento que não seja o amor universal com relação a outro ser do universo, encarnado ou não, configura-se numa posse sentimental. Isto porque você o possui (o caracteriza) por um sentimento que nutre a partir da sua compreensão egoística dele.
Claro que todo este processo (de quem gostar e de quem não gostar) é comandado pela mente como já vimos. Mas, você, o espírito que está ligado a este ego, acredita nisso e, portanto, vibra dentro deste mesmo padrão vibratório. Ao agir assim não vê que o que acha é fruto apenas do seu egoísmo, já que o outro não é bom nem mau, mas um espírito puro, gerado à imagem e semelhança de Deus.
Tudo e todos que você gosta ou desgosta, ama ou não, são conscientizações geradas pelo ego para que surja um carma, para que uma prova seja vivida dentro do gênero possessão sentimental das coisas, que é fruto da ação egoística.
Terceira posse: a posse moral. Ela é expressada pela conscientização eu sei. Isto é carma: saber qualquer coisa, declarar que conhece a verdade, ter consciência do certo e do errado, do bonito e do feio, do bom e do mal…
Todas estas compreensões são ações carmáticas criadas pelo ego, porque são consciências que você tem, formadas apenas pelas suas próprias verdades. É um carma porque, ao contemplar apenas o que acha que sabe, as compreensões estão fundamentadas no egoísmo – quando os outros concordam com você, eles estão certos, mas quando discordam, estão errados ou são mentirosos.
Desta forma, durante a existência carnal ou provação do espírito humanizado, o ego vai trabalhando criando consciências sobre as opiniões dos outros para dar a ele uma oportunidade de realizar suas provas, ou seja, para vencer ele mesmo. Vencer a sua própria opinião (o que gosta ou acha certo), o que acha que é dele…
Mas, até agora falamos muito em provas, mas o que será provar a si mesmo que aprendeu alguma coisa na erraticidade? Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Se o ser humanizado tem posse moral, jamais conseguirá amar ao outro ou a Deus, porque só o que ele sabe é bom e o outro, mesmo que seja o Senhor Supremo do Universo, não pode pensar diferente, pois será considerado errado…
Se o ser humanizado tem posse sentimental (gosta de quem lhe agrada), isso não é amor. Não ama a Deus, não ama ao próximo, mas apenas aquilo que o outro faz a ele…
E, se o ser humanizado diz que alguma coisa é dele (propriedade particular), gera a consciência de que precisa resguardá-la e, com isso, não coloca os seus bens à disposição do próximo e, com isso, não ama…
Portanto, não importa que tipo de possessão o ser humanizado exerça, existindo conscientizações fundamentadas nelas, os preceitos deixados por Cristo como os maiores mandamentos que devem ser seguidos não foram cumpridos.
Então, o carma é uma consciência fundamentada no egoísmo e expressada através das possessões e ele existe para ser vencido, ou seja, para dar ao ser humanizado uma oportunidade de provar que apenas o amor deve existir nos relacionamentos com as coisas do Universo. Mas não um amor egoísta (é meu, eu gosto), mas incondicional e indiscriminado. Para tanto é preciso pegar a espada que Cristo e os outros mestres afirmaram que trouxeram (seus ensinamentos) e matar as compreensões (você mesmo) que o ego cria.
Não fazendo isso, ou seja, mantendo as consciências possessivas geradas pelo ego, o processo de reforma íntima no sentido de se alcançar a elevação espiritual, está comprometido. Isto porque das possessões surgem dois apegos: à vida carnal (querer estar vivo e gozar a existência carnal pelos valores materiais) e o apego à humanidade (querer permanecer com esta personalidade).