Participante: sugiro começar a união com Deus pelo estudo do amar nossos inimigos.
Você sugere começar a busca da unidade amando o inimigo? Propõe, então, começar pela destruição da inimizade? Certo. Vamos só relembrar o que falei hoje?
Existindo inimizade é sinal de que existe amizade. Certo? Não. Inimizade e amizade são duas faces da mesma moeda. Ou seja, a mesma prova.
Se o trabalho é libertar-se da posse, do possuir, acho melhor começar pelo destruir o amor humano, os amados. Nesse planeta quando o ego cria a sensação, ou seja, a emoção racional do amor, está criando uma posse. Ninguém ama sem possuir.
O ser humano é incapaz de falar essa é uma mulher. Ele sempre diz: essa é minha mulher ou mulher daquele outro. É incapaz de falar esse é um filho. Fala esse é o meu ou o filho de alguém.
Não, isso não se chama identificação. Chama-se possessão. Por causa da posse existente no amor humano afirmo que ninguém vai destruir a inimizade para amar o inimigo antes de acabar com os amigos, com o amor a alguns. Falo em acabar com amigos não no sentido de não ser mais amigo de alguém, mas em destruir, silenciar, a amizade gerada pela mente.
Tudo é prova. Por isso, as amizades também são provas. Não são certas e as inimizades erradas. Por isso, não importa se você tem amigos ou inimigos, é preciso silenciar a razão que cria essas figuras na sua vida.
A amizade e a inimizade são faces da mesma prova: da prova da possessão.
A ideia do amor, que vocês guardam como algo raro, divino, sublime, é falsa, é ilusória, é do ego. ‘Eu amo as pessoas’: mentira. Deixe um desses amados fazer mal a você para ver onde vai parar o amor.
Então é preciso aprender a viver a inimizade e a amizade com equanimidade. Não adianta apenas atacar as inimizades para isso, pois as amizades continuarão gerando posses que farão você criar novas inimizades, quando os termos da amizade forem atacados.
Por tudo isso digo que o que você falou, dentro da razão humana, é perfeita: comecemos por aprender a amar o inimigo. Mas, diria que a unidade com Deus começa não pelo amor ao inimigo, mas pelo despossuir o amigo e o inimigo criados pela razão.