Tudo o que falamos na nossa conversa de hoje tem como fundamento a pergunta 258 de O Livro dos Espíritos. Nesta questão é dito que a vida humana depende do gênero de provas que o espírito pede, ou seja, que tudo que acontece na existência carnal de cada ser depende do que ele, de posse de sua consciência espiritual que elabora compreensões a partir de outra visão do mundo, achou mais importante para si. Mas, temos dado ênfase apenas em quem recebe e com isso ficou algo importante de fora: quem serve de instrumento para o acontecimento.
No Universo existe uma lei que Buda nos falou: a interdependência. Ou seja, tudo se interliga. Quem recebe a ação que ataca o bom é aquele que precisa passar por aquilo, mas quem pratica também o merece. É o bem de um que faz ele servir de instrumento ao bem do outro.
Se um ser humanizado morre por um tiro, isso quer dizer que aquilo era o bem para ele. Mas, para quem atirou também existe um bem, ou seja, existe uma oportunidade de elevação. Esta, como a de quem recebeu, é caracterizada pela vivência libertando-se do bom.
No Universo não existem acasos, sortes ou azares. Tudo que acontece corresponde a um merecimento, ou seja, corresponde a um acontecimento que aquele ser precisava passar como oportunidade para fazer a reforma íntima e assim alcançar a elevação espiritual.
A interdependência é o motor que move o Universo. É ela que coloca frente a frente quem precisa receber uma ação com quem precisa praticá-la. Deus, como Causa Primária de todas as coisas, é apenas o orquestrador dessa lei. O encontro sempre acontecerá, pois ele é necessário para que a vivência do que foi pedido pelo espírito aconteça. Observando o merecimento de cada um de acordo com a sua intencionalidade na vivência de momentos anteriores que gera a necessidade de uma nova provação sobre o assunto, o Pai, então organiza a existência de todos. Sem isso o Universo seria um caos.
Será que você é capaz de imaginar o que seria a vida universal, humanizada ou não, se não fosse a interdependência? Para dar um exemplo disso vou mostrar um exemplo. Ele foi retratado em um trabalho anterior nosso:
Interligação universal
(Ou “De como comprar um pão pode afetar a Plutão”)
Para demonstramos a interligação de todo Universo e poder deixar bem claro a necessidade de Deus interferir em todos os atos dos espíritos na carne, dando a decisão final de cada um deles por menor que seja, vamos contar a história de como o ato de comprar um pão em uma padaria pode ter reflexos em Plutão, planeta do sistema solar que chamamos Terra.
Quando um espírito na carne vai comprar pão, está entregando ao dono da padaria o dinheiro para pagamento dele. Este dinheiro interferirá na vida do dono da padaria e de todos os seus dependentes, pois poderá servir para auxiliar ou atrasar as provas que estes espíritos tenham que fazer, bem como a de cada empregado e sua família…
Além de influenciar nas provas individuais destes seres, se pudessem comprar o pão onde quisessem, os seres humanizados poderiam afetar o equilíbrio da cidade onde moram.
Se todos resolvessem comprar o pão em uma única padaria, outros seres na carne enfrentariam a falência, seus empregados, o desemprego, e seus fornecedores problemas monetários. Além disso, todos os outros comércios da cidade ficariam afetados com a concentração da riqueza de uma cidade apenas nas mãos de um só ser humano.
Por isto Deus precisa determinar quem vai comprar o pão e em qual padaria, quem poderá ser admitido ou demitido do seu emprego, quem precisa ganhar dinheiro ou não. Todo o equilíbrio da cidade depende do pão e onde ele será comprado…
Do dinheiro utilizado para comprar o pão, parte será destinada ao governo do país. Será distribuído entre o município, o estado e a federação. Se todos comprassem mais pão e menos feijão, a diferença do valor do imposto afetaria não só o município, mas todo o estado e até a nação.
Todos receberão parte do dinheiro que aquele espírito na carne gastou na padaria para comprar um pãozinho. Assim, todo o funcionamento da máquina estatal de um país depende também do número de pães que será consumido.
Além de tudo, Deus precisa determinar o que cada um deve comer para que os governos possam praticar a caridade pública.
Contudo, se todos resolvessem comer mais pães que o normal, o consumo de trigo aumentaria e teria que haver mais plantio deste grão. Para se aumentar essa produção, mais matas teriam que ser devastadas.
O equilíbrio ecológico do planeta Terra também depende da quantidade de pão consumido por cada um e é por isso que Deus precisa dizer a cada um quantos pães deve comer por dia, e quando comer…
Com o dinheiro arrecadado por impostos o governo faz o comércio externo. Desta forma, o dinheiro do pãozinho serve para que o país se relacione com os irmãos mais longínquos que dividem o planeta com ele.
O dinheiro do pão comprado aqui no Brasil pode ajudar a manter o emprego de alguém nascido no Japão e, consequentemente, estará influenciando também a família deste. Assim, até um desemprego mundial pode nascer pelo fato de muitas pessoas decidirem não comprar mais pão.
Para que todo o planeta tenha condições de vida dentro do previsto pelo Pai é que Ele precisa determinar onde e quantos pães cada um deve comprar.
O dinheiro recebido pelo pão comprado no Brasil poderá servir também para colaborar para que um outro país desenvolva tecnologias que permitam a construção de naves espaciais capazes de chegar até Plutão!
Chegamos no destino de nossa viagem: saímos da padaria do bairro de qualquer cidade do Brasil e chegamos ao planeta Plutão, com o dinheiro do pão.
Esta é a interação de todo o planeta: de um pão chegamos a Plutão. Se isso pode acontecer, se o equilíbrio de todo o Universo depende da compra de um pão, como entregar o comando deste ato a um espírito que se encontra insensível a todas estas repercussões universais pela sua visão estritamente material? Como deixar a decisão que afeta a todo Universo a um ser que está apenas preocupado em matar a sua própria fome?
Tudo o que se executa no Universo repercute como as ondas formadas na água quando uma pedra é jogada nela. Mesmo aqueles espíritos que se encontram fora da carne, em qualquer grau de evolução, não conseguem ainda ver até onde e como essas ondas afetarão o equilíbrio universal. Apenas Deus, Todo Poderoso, Onisciente e Onipresente tem a visão para comandar os “reflexos da onda”.
Este é o poder de Deus, esta é a responsabilidade do Pai.
Precisando, então, haver uma interdependência nos acontecimentos da vida, quem poderia ser o orquestrador de tudo isso senão Deus? É isso que o Espírito da Verdade fala quando diz que Deus é a Causa Primária de todas as coisas (pergunta 1).