Aldo Pereira

Na pequena ciranda da vida
Que termina e começa de novo
O homem inventou o tempo
E o tempo dominou o povo
Neste compasso marcado
No giro livre da terra
Existe o dia dos mortos
E até tempo de guerra
É a corrente bem forte
Que amarrou a humanidade
Trouxe elos de ilusão
Contra a suavidez da verdade
Faltam horas em cada dia
Dizem os mais atarefados
Mas nascer é o início da morte
Vem para os pobres e abastados
Na era do ser “sem cultura”
Não tinha partida ou retorno
Se comia conforme a fome
E dormia quando tivesse sono
Mas então veio a “inteligência”
E na vida botou ponteiros
Para que a fome e o sono
Também fossem prisioneiros
Mesmo sendo só um invento
Com ele é que o viço se vai
Os seus pedem um cavalinho
Mas não tem “tempo” o pai
Pela cadência das horas
Em que o homem se envolveu
Passa uma vida agitada
Pra descobrir que não viveu
Dizem ter algo de bruxo
O tempo e seus mistérios
Mas de homens sem tempo
Se multiplicam cemitérios
E neles “dormem” os restos
De viveres retos ou tortos
Para talvez serem lembrados
Ao chegar o tempo dos mortos
Mas existe no ser uma ânsia
Nessa pressa de chegar
Tomara que sobre tempo no tempo
Para ter tempo de amar