“Não conte a Deus o seu grande problema, mas conte ao seu problema o grande Deus que você tem”.
Atualmente multidões arrastam-se pelos templos, centros e igrejas afirmando que procuram a Deus, querem aproximar-se Dele, participar de Seu reino, mas poucos, pouquíssimos conseguem alcança-Lo.
Apesar da procura, o mundo e a vida de cada ser humano pouco se alteram. As desilusões, tristezas e sofrimentos aumentam a cada dia. Os pobres transformam-se em miseráveis, a “classe média” perde o poder de adquirir bens materiais que julga lhe trazer felicidade e a fome multiplica-se no mundo.
Comparando-se o crescente movimento de procura pelo Pai com os resultados que os habitantes do planeta vêm obtendo, chegamos à conclusão que, ou Ele não mais atende aos apelos de seus filhos ou algo não está perfeito dentro da forma como os seres humanos estão buscando o Pai. Conhecendo-se os atributos de Deus, principalmente o Amor Sublime, só podemos compreender que o problema está na segunda opção.
Deus ama seus filhos tão intensamente que dá a cada um o tratamento de “filho único”. Um pai que possui apenas um filho dedica a ele toda atenção e carinho, buscando garantir-lhe um futuro feliz. É como Deus age, pois apesar de amar a todos os seus filhos igualmente, também dedica atenção especial a cada um.
O Pai celeste dedica todo o seu tempo em promover a felicidade de cada um dos seus filhos. Como Jesus nos ensinou na parábola da ovelha perdida, Deus procura a ovelha desgarrada até encontra-la. Esta atenção especial é que nos diz que o Pai não pode deixar de atender a um apelo de seu filho.
Da mesma forma que o pai material, também Deus quer que o seu filho alcance a felicidade na sua existência. Porém o Pai celeste preocupa-se com a existência eterna de seu filho e não apenas com o curto espaço que ele passa na matéria carnal. É por este motivo que Deus leva seus filhos à busca da felicidade espiritual e não da material.
O ser humano é um ser universal (pertence ao universo) aprisionado temporariamente em uma matéria carnal. Ele não existe como individualidade dentro do universo. Antes de se tornar um “ser humano”, esse ser já era universal (do universo) e continuará a sua existência dessa mesma forma depois do fim da parte material que o envolve.
É com a felicidade eterna, ou seja, a felicidade que se estenderá para a continuidade desta vida após o desencarne, que Deus se preocupa e não com a efêmera satisfação individual.
Deus não concede objetos materiais aos seus filhos a não ser que eles possam servir de instrumentos para que seja alcançada a felicidade eterna (para toda a existência no universo). Conceder objetos que não acompanharão o ser durante a sua existência eterna, apenas para satisfazer um desejo ou um “capricho”, é contribuir para uma infelicidade futura, quando o objeto não mais puder estar ao lado do ser…
Dar uma casa para um ser universal e depois retira-la (quando desencarna) é dar uma felicidade passageira que resultará em uma infelicidade futura. Deus disponibilizará uma residência para o ser apenas se isto contribuir para a sua elevação espiritual, ou seja, se isto ajudar o ser a universalizar a sua felicidade.
Deus está por toda eternidade pronto para auxiliar seus filhos, nunca para satisfaze-los, mas para ajuda-los a participar de Seu mundo, da felicidade universal. O ser universal, obscurecido pelo véu do esquecimento da sua existência eterna (que o transforma em ser humano), é que busca em Deus o auxílio para a felicidade momentânea, a felicidade material.
O ser humano impõe condições a Deus para alcançar a felicidade: “Meu Deus, serei feliz se o Senhor me der um emprego”; “Serei feliz quando meu filho for doutor”; “Poderei viver em paz quando tiver saúde”. Esta felicidade, no entanto, é egoísta e efêmera.
Para um ser humano conseguir um emprego, alguém terá que perder essa vaga. Não satisfeito, depois de empregado, logo este ser estará orando para Deus pedindo um aumento de salário. Como ama a todos igualmente, Deus não pode desprover um filho para favorecer outro. Deus dá a cada um de acordo com a sua necessidade e merecimento.
Se o ser humano está desempregado, é porque Deus lhe deu o desemprego. Não como pena, castigo, mas como o caminho necessário para leva-lo a uma felicidade eterna.
Assim como o pai material que coloca o filho de “castigo” para que ele aprenda a lição que lhe favorecerá no futuro, Deus dá aos seus filhos as situações desagradáveis.
Buscar a Deus não é pedir que Ele altere as condições de vida, mas agradecer a Ele todas as situações, pois elas fazem parte do aprendizado necessário para a felicidade eterna do ser. O ser humano cria “condições” para ser feliz; o ser universal é feliz em todas as situações, pois reconhece a participação do Pai em cada um delas objetivando a felicidade eterna e universal.
A grande maioria da multidão que se arrasta pelos centros, igrejas, templos, estão buscando a satisfação de seus desejos, de seus anseios e não buscando verdadeiramente a Deus. Procuram a felicidade material, efêmera e egoísta e não a felicidade universal. É por este motivo que cada vez mais o planeta aprofunda-se no sofrimento.
Para se alcançar a felicidade universal (eterna) é preciso que o ser renuncie a “padrões” de felicidade e deixe de impor condições para ser feliz e apenas participe do mundo de Deus. A glória maior para um ser universal é existir, ou seja, estar sob os cuidados do Pai.
Ao invés de querer resolver “seus problemas”, o ser humano deve aprender que eles são soluções para a vida eterna que Deus deu a cada um. O pedido ao Pai, se houver um a ser feito, deve ser apenas que Ele dê forças para superar as dificuldades sem perder a felicidade.
É por isto que Jesus ao ensinar o Pai Nosso afirmou:
“Nas suas orações não fiquem repetindo o que já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois o Pai sabe o que vocês precisam antes de pedirem”.
Um comentário
Uma forma reconfortante de se enxergar a vida, mas é tormentoso não se ter certeza se as coisas realmente são dessa forma. Por que uns com tanto que precisam até doar bilhões e outros sem nem ter o que comer? Por que tantas tragédias, doenças? Por que a morte?
Apesar de toda a busca pelo espiritualismo, é difícil compreender como minha consciência espiritual pôde causar algo tão doentio para merecer passar por tudo isso. Não digo isso tanto da minha vida, mas sobretudo pelo sofrimento dos outros. Se Deus é um pai amoroso, porque aplicaria a seus filhos uma pedagogia com tanta severidade e decepção?
Como uma corrente espiritualista ensina, tudo que vivemos humanamente (encarnado ou desencarnado) seria apenas um “sonho” de algo que nunca aconteceu, e na realidade estamos repousando na realidade divina e eterna. Às vezes fico imaginando como seria uma vida espiritual repleta de felicidade, sublime, sem todo esse peso da matéria, das obrigações, das relações supérfluas, da inconsciência, livres para explorarmos tudo de maravilhoso que o reino de Deus possa oferecer. Espero que esse dia chegue logo.