Participante: como superar o sentimento de posse em relação há uma pessoa?
Aprendendo o que é posse, que ela não adianta nada, que não existe outra pessoa, que os atos que quer dominar através da posse são indomináveis, que os atos acontecem e para que eles acontecem. Aliás, é exatamente disso que estamos falando.
Participante: gostaria que o senhor colocasse essa questão na prática, no dia a dia.
Dê um exemplo de posse?
Participante: posse de uma pessoa.
Me dê um exemplo de posse de uma pessoa.
Participante: vou dar um exemplo que me ocorre agora: não querer que a pessoa saia sozinha.
Perfeito. Pergunto: porque ela não pode sair sozinha?
Participante: vou lhe colocar na situação. Tenho medo que ela olhe para outras pessoas e se envolva com elas.
Primeiro, quem é você para mandar nos outros? Quem é você para comandar a vidas dos outros? Quem é você para determinar quem pode sair ou a hora que pode sair?
Participante: essas questões fazem parte da posse.
Sim. Quando age assim, o que está fazendo?
Participante: querendo comandar a vida de outra pessoa.
Querendo que ela aja diferente.
Participante: querendo identificar o carma, querendo provoca-lo.
Não, querendo que ela aja da forma que você quer.
Participante: isso.
Agora eu lhe faria uma pergunta? Ela agiu daquela forma porque é fruto do livre arbítrio dela, não é isso? Não é assim que você encara o que os outros fazem?
Participante: certo.
Posso, então, dizer que você não quer que ela exerça o livre arbítrio dela, não posso?
Participante; certo
Quem deu esse livre arbítrio àquela pessoa?
Participante: Deus.
Você acha que pode tirar o que Deus deu?
Participante: acho.
É exatamente isso.
É dessa suposta supremacia que pode tirar a lógica para se libertar da posse. Precisa compreender que ao agir com posse está querendo ser melhor que Deus. Precisa compreender que está querendo ser um tirano, um déspota. Só assim pode dizer para si: ‘o errado não é ela querer ser sair, mas sim eu porque quero mandar nela. Estou errado porque quero tirar o que Deus deu a ela’.
Começou a compreender?
Participante: sim.
Segundo aspecto da sua posse: não quero que ela saia porque vai olhar para outro. Sim, isso pode acontecer, mas olhar tira pedaço?
Participante: olhar foi uma forma de expressão. A preocupação da gente é que não fique só nisso.
Preocupado em a perder.
Participante: sim. Perder para outra pessoa.
Mas, tudo nessa vida é temporário. Por isso, não se trata de lutar para ficar com a pessoa, o que precisa lutar é contra o seu individualismo que quer possuir tudo.
Veja o que estamos falando. É pela compreensão do que é na verdade o individualismo, a posse, do que ela representa para a realidade do universo que você pode compreender que ao invés de obriga-la a ficar com você, precisa lutar contra si mesmo.
Segundo, acabamos de descobrir que o pensamento que vier não será seu. Será dado por Deus através de espíritos. Por isso, pouco adianta prender alguém. Você tranca uma pessoa dentro de casa e se tiver que ser ela lhe trai dentro de casa.
São esses argumentos que vão servir você analisar o seu raciocínio e poder dizer: ‘para. Ao invés de ficar como uma besta sofrendo querendo mudar o outro, vou lutar contra mim mesmo, contra a minha possessão.
Participante: acho que sempre que queremos dominar alguém acabamos por ser dominados por nosso apego por aquilo que queremos dominar. Da mesma forma que o policial guarda uma cela para que o ladrão não fuja, também estamos igualmente presos.
Perfeito. É por isso que o Paulo diz: Cristo veio lhe trazer a verdadeira liberdade.
Sou casado com uma mulher, mas não sou o dono dela. Se quiser ir para outro, que vá. Foi assim que Cristo viveu.
Essa é a verdadeira liberdade. Ela existe quando me liberto de mim mesmo. Quando me liberto da minha posse, da minha verdade que cria a posse. Não adianta ficar lutando contra a vida, porque se for seu carma ser traído, vai ter que viver isso. Só que para isso precisa entender carma, Deus como Causa Primária, universalismo.