Todo trabalhador merece receber uma recompensa pelo seu esforço. Assim sendo, o médium também merece ter um salário que sirva como pagamento pelo seu trabalho mediúnico, como já disse. Vamos, agora, falar dessa recompensa.


Participante – Alguns cobram valores monetários pelo seu trabalho. Isso pode?


Tanto pode que existe. Se não pudesse, dentro do aspecto espiritual, isso não existiria.
Agora, como disse antes, o trabalho mediúnico é vivenciado com intencionalidades. É pela intenção com que se exerce a atividade que ele receberá o seu salário. Por isso, é importante se compreender bem esta questão.
O salário do médium não é medido pela quantidade de trabalho que ele faz, mas sim pela sua capacidade de entregar-se ao trabalho. Quanto mais o médium se entrega ao objetivo do trabalho, como falamos antes, a doação para o próximo, maior é o seu salário.
Não importa se o ser encarnado trabalha em cinco casas espiritualistas. Se não há entrega à doação do próximo, não há salário.


Participante – O recebimento é automático, não? Entregou-se à caridade, o salário será pago.


Sim. Só que não estou falando em salário como recebimento de dinheiro ou de privilégios na conquista das coisas deste mundo.
O salário é pago dentro dos objetivos traçados pela Pergunta 132 de O Livro dos espíritos para a encarnação. Ali, é dito que, ao encarnar, o ser precisa realizar duas coisas: provas e missões. É pela realização do trabalho, que é a atividade mediúnica, que o espírito recebe sua recompensa. Portanto, o salário do médium é recebido pela realização do objetivo da encarnação.
Agora, o que o ser recebe depois que se encerra a encarnação? O certificado de elevação espiritual. Por isso, digo que o salário do médium é o reconhecimento da realização da sua missão e ele consiste em receber, depois da encarnação, a confirmação do aproveitamento da provação realizada na carne.
Este é o salário do médium. Ele é recebido de acordo com a capacidade dele em doar-se ao seu trabalho e consiste na aprovação ao final da encarnação.
Este salário não pode ser recebido durante a vida humana porque, enquanto estiver encarnado, o ser não consegue saber se realizou o que veio fazer ou não. Só depois que o espírito se liberta da influência da personalidade humana é que esta avaliação é feita. Por isso, é durante ela que o recebimento do salário acontecerá.
Isso nos leva a compreender o quê? Que não há nenhum recebimento material por realizar o trabalho da mediunidade.
Muitos seres se entregam a esta atividade esperando conseguir melhora nas condições emocionais ou materiais de sua existência.


Participante – São aqueles que esperam recompensa pelo que fazem.
Isso, são aqueles que dão com uma mão e querem receber com a outra.


Mas, os que esperam recompensas pelo seu trabalho não estão errados, não comprometem o seu salário. O problema não está em esperar recompensa, mas sim em esperar recebê-la agora, nesta vida.
O que leva o ser a não receber o seu salário depois que sai da carne é participar da atividade mediúnica esperando que não fique doente, que possua uma família estruturada, que tudo o que quer aconteça. Estes são médiuns, fazem o trabalho de acordo com o que aquele que é atendido precisa e merece, mas não recebem nada por este trabalho.
Vou lhes contar um caso para que compreendam o que estou falando. Um dia, um médium foi realizar um trabalho na casa de uma pessoa. Esta casa ficava numa região onde havia alta ocorrência de atividades criminosas.
Este médium esqueceu o seu celular no carro que ficou estacionado na porta da casa. Depois de realizar o seu trabalho, ao retornar ao carro, viu que haviam jogado uma pedra na janela e que tinham roubado o celular.
Este médium ficou extremamente irritado. Por que? Porque imaginou que, por estar fazendo um trabalho para Deus, deveria estar imune a acontecimentos deste tipo.
“Eu estou aqui trabalhando para Deus e ninguém me protege!”, falou o médium. Eu digo: não, não existe este tipo de proteção como pagamento pelo trabalho mediúnico. Isso porque o pagamento pelo trabalho mediúnico não se reflete em acontecimentos nesta vida, mas sempre na existência eterna.
O pagamento que o médium recebe está sempre ligado à elevação espiritual. Ele pode ser até recebido nesta vida, mas não se refletirá em benesses nesta existência. Se o pagamento for feito nesta vida, ele sempre objetivará fornecer maiores condições para o médium realizar a sua atividade individual que nasceu para fazer.
Por isso, afirmo que, muitas vezes, o salário que o espírito recebe pela sua atividade mediúnica pode ser caracterizado por situações que ele não queira ou não goste. Digo isso porque, quanto mais contrariedades um espírito encarnado recebe, mais trabalho ele pode realizar e, com isso, conquistar a sua elevação.
Estou vendo que, agora, vocês ficaram preocupados. Estão com medo de receberem o que não querem como pagamento do seu trabalho mediúnico. Não fiquem. O que acabei de dizer não é regra, não é norma. Pode acontecer. De tudo o que disse, apenas guardem a consciência de que o salário não é pago com benefícios para a existência material.


Participante – Existem aqueles que vão buscar o trabalho mediúnico para não caírem na rua, para acabarem com algum mal-estar que sintam pelo fato de não participarem da atividade mediúnica.


Sim. Isso ainda é esperar receber o salário nesta vida.
Sei que nas casas espíritas corre a ideia de que a mediunidade não desenvolvida pode trazer problemas físicos para a vida. Isso realmente pode acontecer, mas libertar-se desta condição não pode ser o objetivo que leve o ser à atividade mediúnica.
Mesmo aqueles que passam por esta experiência devem, se for o caso, realizar o trabalho buscando entregar-se para auxiliar o próximo, e não apenas porque se sentiu coagido a realizar esta atividade para que não sofresse.