É preciso impor limites às crianças? Eu responderia que sim.

‘Ah Joaquim você não fala em liberdade? Você não fala que é preciso dar liberdade ao outro de ser, estar e fazer o que quiser? Sim, digo isso, mas ao mesmo tempo afirmo que é necessário impor limites às crianças, pois essa é a função do pai e da mãe.

Um pai e uma mãe existe para, trabalhando junto à criança ou ao espírito encarnado enquanto criança, construir um mundo mental que mais tarde servirá de provação, de caminho para a libertação. Por isso, a função do pai e da mãe é exatamente a de impor limites. É dizer: ‘olha, não vai por ali, porque aquele caminho é perigoso; não faça isso, porque se fizer terá aquele destino; não toque aqui, porque senão vai queimar a mão’. Essa é a função do pai e da mãe. Agindo assim eles vão construindo um mundo mental estabelecendo verdades que mais tarde servirão de provas.

Portanto, é preciso que pai e mãe tenham essa conduta. Mas, a questão não para só na necessidade de impor limites. Há algo mais que temos que ter em mente: é preciso fazer isso sem levar a criança a geração do certo ou errado.

Quando é que você transmite ao seu filho o conceito de certo ou errado? Quando diz: ‘fazer isto é errado”, fazer assim é certo’. Se não classificar o limite que está impondo como o certo, estará cumprindo sua missão sem gerar qualificações nos filhos.

Repare nos exemplos que usei ao dizer que se deve impor limites. Impus um limite dizendo ao que aquele caminho pode conduzir e mostrei outro. Em nenhum deles classifiquei qualquer coisa como certo ou errado, nem o próprio caminho. Apenas mostrei uma probabilidade do final de cada caminho.

A mãe e o pai tem todo o direito de orientar o filho, mas durante esse evento não deve usar o certo e o errado. Não deve viciar aquela mente na existência de um certo ou errado, mas sim orientar mostrando uma possibilidade de acontecimento.

Se uma pessoa, no mundo de hoje, anda de madrugada na rua está sujeita a acontecer determinadas coisas. Não é errado ficar na rua à noite, mas fazer isso pode lhe levar a determinadas consequências. Esse é um exemplo de orientação. Isto se chama orientar, mas dar a liberdade de seguir ou não.

Vocês confundem orientar com mandar. O pai e a mãe devem orientar, não mandar. Não devem ser donos dos filhos, mas apenas orientadores. Esse é o primeiro detalhe sobre o tema.

Segundo, devem evitar querer minimizar o estrago que a vida pode fazer a seu filho. Devem evitar querer facilitar as coisas para ele.

Ele precisa compreender que se puxar briga com um mais forte, vai apanhar. Se isso acontecer, ao invés de você sair correndo para discutir com o mais forte, deve dizer para ele: ‘viu, eu lhe disse que se você puxasse briga com um grandão ia apanhar. Então, você apanhou’.

A orientação do pai e da mãe deve mostrar o que pode acontecer, mas esses devem deixar a criança viver o resultado daquilo que ela faz, ao invés de você sair correndo para defendê-la. Fazendo isso, ela nunca vai aprender. Você aprendeu assim, caindo nos seus erros mas não quer deixar os filhos errarem para poder aprenderem.

Então orientar, impor limites a uma criança passa por dar a orientação e por deixa-lo quebrar a cara, se ela não seguir o conselho.