Pergunta: O senhor falou em alguns tipos de sofrimento, mas para mim o pior é a ansiedade. O que é a ansiedade, o que é este “comichão” que dá na gente que não conseguimos controlar?
Vontade do prazer.
Pergunta: Será que é tão simples assim?
É simples assim mesmo.
Responda uma coisa: você quer a casa arrumada para que? Se arrumar a casa é um trabalho que gera cansaço, para que faz? Para ter o prazer de vê-la do jeito que quer, como a sua verdade a obriga a querer.
Portanto, não limpa por limpar, mas sim para ter o prazer de contentar a sua verdade: “eu sei o que é arrumação, eu a quero do jeito que acho que deve ser e consegui isto”. Por causa dessas séries de verdades você fica “ansiosa” para vê-la arrumada.
Mas, a ansiedade só ocorre porque não controla a sua verdade, ou seja, ainda tem um padrão de casa arrumada ou não na sua memória. Todo padrão que cria a forma dual de ver as “coisas” faz parte do seu carma, é instrumento da ação carmática.
Achar que está arrumado ou desarrumado faz parte do seu carma. É preciso lutar contra o que acha interagindo com as verdades que lhe vêm a mente sem se prender a elas.
Como não age desta forma lhe vem à mente que a casa tem que estar arrumada e aí se entrega a esse padrão de casa arrumada como verdade e cria a ansiedade dela estar da forma que acredita ser real para poder ter o prazer de estar “certa”.
Mas como colocar em prática o remédio para a ansiedade que dei? Quando perceber (olhar) a mancha na parede, o ego vai dizer que está manchada e que é necessário que se levante e a limpe. Para não ficar ansiosa deve dizer ao ego: “não preciso levantar porque aquilo não é uma mancha e mesmo que fosse, não me sinto obrigada a limpar todas as ‘manchas’ do mundo”.
Pergunta: Eu estou longe disto. Para mim é muito difícil olhar a coisa suja e não me importunar.
Realmente é muito difícil, mas por que? Porque está placidamente aceitando aquilo que o seu ego propõe. Não só com relação à obrigação de limpar as “manchas”, mas também quando diz que é muito difícil deixar de agir dessa forma.
Você “acha” (se prende ao que o ego diz dando aos pensamentos o valor de verdade) que é muito difícil e por isto realmente será algo extremamente difícil de realizar.
Pergunta: Digo isto porque me conheço.
Isto que acaba de dizer (que se conhece) é uma mentira. Tudo que acha é mentira, é apenas o que você acha.
Quantas vezes já se surpreendeu reagindo de forma completamente oposta àquilo que imaginaria que iria fazer? Quantas vezes foi além dos seus imaginários limites sem que para isso tivesse que fazer exercícios mentais profundos?
Veja, você mesmo estabeleceu o limite ao aceitar o que o ego lhe diz como realidade: daqui eu não passo. É por isso que estou ensinando: é preciso lutar contra você mesmo.
“Acho que não passo”: isto é uma mentira deslavada do ego para lhe manter cativa a ele. Não aceite: “cala boca ego, eu vou para frente porque o que está me dizendo está vindo como prova do meu carma para ver se vou parar aqui ou não”.
Dentro da essência da ação carmática todos os pensamentos são uma prova para evolução. Aquele que busca a Deus, a unidade com o Pai, deve lutar contra a certeza sobre qualquer coisa, sem se culpar quando não conseguir ou sem ter o prazer com o que conseguir realizar.