Participante: já tive um sentimento de paz muito grande e como fiz para adquirir não faço a menor ideia. O senhor poderia me dizer se é um ismo ou se um dia sentirei isso ou numa frequência maior, por mais tempo? Porque sinto muita falta desse sentimento. Tenho uma inteligência racional muito forte, e emocional creio que até boa, mas a emocional sai do controle com raiva, e aí me sinto afastado de Deus, vem um abafamento, mas como não estou com ele, está neutro, mas não como o sentimento de paz que já senti, poderia comentar?
Claro que posso dizer. É tão simples: enquanto não tiver paz com a paz e com a não paz, não vai terá de volta o que já sentiu.
Na sua pergunta, mesmo que não perceba, está falando de um desejo, uma condição. A razão está botando para fora uma condicionalidade que lhe faz viver de um jeito ou de outro. Isso é ismo.
A paz que imagina ter sentido faz parte do ismo, ou seja, a mente lhe diz olha que sensação boa, que maravilha, mas depois fala que não está mais com ela. Em seguida ela lança o sofrimento e você sofre, ou seja, não consegue se harmonizar com o não ter a paz.
Volto a repetir, harmonia! É isso que vamos buscar durante esse trabalho: harmonia com a vida. Não vamos buscar situações especiais ou condições necessárias, certo e errado para se alcançar a paz. Vamos trabalhar a harmonia, ou seja, o aprender a viver com o que tem. Isso precisa ser feito porque o que está no presente é só o que tem para viver. Todo resto não tem, não existe. Por isso, se depender do que não tem naquele presente para ser feliz, vai ser muito mais infeliz que feliz durante a vida.
O objetivo desse trabalho é exatamente esse: buscar entender os ismos do ego. Por isso disse a você sobre a paz que sentiu, que é um ismo, que é alguma coisa que a razão chama como bom, que não pode esperar ter sempre. Se depender de tê-la, o não ter paz será considerado ruim. Nesse caso, sofre quando essa condição aparecer.
É o chamado dualismo: isso é bom e aquilo é mal. São necessidades, condições que a mente coloca parasse viver feliz. O verdadeiro sábio é aquele que vive liberto do mundo, ou seja, não importa o que está acontecendo, está em paz com ele e com a vida.