Participante: eu tive algumas experiências na minha vida no tocante à síndrome do todo poderoso. Quase tudo que eu disse que não iria fazer um dia acabava fazendo.
Este é outro detalhe que ia tocar na síndrome do todo poderoso. Jamais diga nunca…
Nunca diga nunca, porque você não comanda a ação. E jamais diga sempre, pois você não comanda a ação. A vida acontece e ela não tem lógica. Não é porque um dia você fez de um jeito que sempre agirá da mesma forma.
Participante: nem lavar a louça que é um ato mecânico é feito por nós…
Nada. Nem limpar-se depois de usar o vaso sanitário.
Participante: aí vem o padrão da sociedade e nos cobra pela forma como agimos. Como ela acha que se comanda a ação, a sociedade quer padronizá-la. Quando a vida ocorre diferente nós somos cobrados.
Está começando a ver como tudo se interliga? É por isso que precisam estar sempre atento. Vocês conseguem libertarem-se de alguma coisa e a vida lhe joga outra que você não consegue libertar-se. Sabe por quê? Vou falar mais sobre isso…
Quero deixar bem claro como a vida age. Ela explora a síndrome do todo poderoso: você podia ter feito. Aí você diz: podia, mas não fiz, não aconteceu desta forma. O que ela jogará de volta?
Antes de me responderem, lembrem-se de que a mente é egoísta. Ela quer seu próprio lucro.
Ela dirá que você conseguiu colocar em prática o ensinamento. Dirá que você realizou o trabalho que tinha que realizar. Dirá que você escapou de uma armadilha que ela criou. O que acontece, então? Você acredita nisso…
Não acreditou numa coisa, mas acreditou em outra.
O que estou dizendo é que você não faz ação nenhuma e por isso não deve acreditar em nada do que a vida cria. A resposta é sempre nenhuma das respostas anteriores.
Nós estamos falando que a felicidade depende da forma como você se comunica com a vida no momento em que estão conversando. Esta conversa não se estanca num momento. Quando você reage de alguma forma, a vida continuará contra argumentando com outros aspectos, pois ela precisa sempre lhe propor o sofrimento.
Tendo vencido a vida em determinado momento, ela continuará explorando novos argumentos que justifique viver o sofrimento. Quando você consegue vencê-la usando argumentos oriundos de ensinamentos que recebeu, ela se utiliza justamente da síndrome do todo poderoso para continuar lhe tentando. Afirma que você conseguiu realizar o que precisava fazer e que conseguiu vencê-la. Neste momento é a hora que você precisa estar atento para dizer: ‘não sei se fiz’. Aceitando o fato que ela criou (você ter conseguido vencê-la), a vida criará o prazer e você, por achar que fez alguma coisa, não conseguirá a felicidade…
Participante: quer dizer que não podemos colocar como verdade ter realizado o trabalho da felicidade?
Sim, porque afirmar que você fez alguma coisa é apenas uma verdade. Neste caso, ou seja, quando houver uma declaração expressa de realização do trabalho de libertação da vida, quem realizou a ação foi ela mesma e não você.
Participante: é que você quer ter o mérito de ter realizado…
Isso. E esta conclusão nos leva a mais um conhecimento.
Porque você quer ter o mérito de ter realizado qualquer coisa? Já falamos anteriormente da fama e agora estamos falando do que? Do elogio…
Todas as síndromes ligam-se às quatro âncoras que já conversamos. Você só aceita a ideia de ter agido porque aceitou a ideia que a vida lhe deu de que tem que ser reconhecido. Por ter aceitado esta ideia, você vive o querer ser reconhecido como alguém que faz.
Faz o que? Aquilo que a sociedade diz que deve ser feito…
Participante: isso por conta da espera da aceitação do outro.
Exatamente.
Deixe-me dizer uma coisa. Sabe por que as pessoas não aceitam a deia de Deus ser a Causa Primária de todas as coisas? A ideia de que é Ele que gera tudo e que a vida só pode ser vivenciada e não construída? Porque aí o ser humano não será poderoso, não terá o poder de agir. Não tendo este poder que glória terá?
Participante: qual a graça de estar vivo se não se age, não é mesmo?
A graça da vida é dizer que teve acesso a um ensinamento e conseguiu colocá-lo em prática. A graça da vida é ter o poder de ter comprado um cachorro e por não ter gostado de tê-lo em casa ter o poder de mandá-lo embora. Ou seja, a glória está em ser um solucionador de problemas, um gerador de ações.
Está tudo sempre ligado. Todas as síndromes são interligadas com os elementos da provação do espírito que conversamos ao longo dos últimos anos, pois tanto as quatro âncoras como os demais temas que conversamos formam o fundamento da prova humana do espírito, da vida.
Participante: quais são mesmo as quatro âncoras?
Vontade de ganhar e medo de perder, vontade de ter o prazer e medo do desprazer, vontade de ser reconhecido, fama, e medo da infâmia, vontade de ser elogiado e medo da crítica.
Todas as síndromes, que também são instrumentos da provação do espírito, estão fundamentadas nestas quatro premissas. Elas são utilizadas pela vida para que você viva preso a estas quatro buscas materiais. Elas são usadas pela vida como instrumentos para que você ilusoriamente alcance o lado positivo da âncora. Para isso a vida explora o lado negativo da âncora: o medo de que ocorram coisas que não lhe deixe vivenciar o lado positivo.
Esta, então, é outra síndrome que vocês precisam estar atentos para não se deixar levar pelo sofrimento que a vida propõe. Para isso é preciso saber que apenas a vida age e que você não pode fazer nada com relação ao agir, não importa o que está acontecendo. Você só pode lidar com o que a vida lhe traz a partir do que ela está e não lidar no que a vida é.
Você não pode deixar de brigar com a sua filha, você não pode deixar de pular no pescoço e de rodar a baiana, porque tudo isso é vida. Agora você pode lidar com o que a vida lhe traz a partir disso…