Quem ouve esses meus ensinamentos e lhes obedece é como um homem sábio que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes e o vento soprou com força contra aquela casa. Porém ela não caiu porque havia sido construída sobre a rocha.
Quem ouve esses meus ensinamentos e não lhes obedece é como um homem sem juízo que construiu a sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes e o vento soprou com força contra aquela casa. Ela caiu e sua destruição foi completa.
Cristo deixa bem claro: seu ensinamento dá segurança. A vida vivenciada com a consciência crística é uma existência segura. O que é uma vida segura?
É uma vida vivenciada com paz, tranquilidade, sem altos e baixos, sem sobressaltos, sem medo. Principalmente sem medo.
No início de sua missão Cristo diz que veio anunciar a boa nova. Qual será a boa nova que veio trazer? Vamos tentar entender isso porque é fundamental para compreensão da consciência crística.
Antes de Cristo, os profetas pregavam uma relação com Deus fundamentada no medo. Tenha medo de Deus. As pessoas daquele tempo vivam dessa forma, ou seja, deixavam de fazer muitas coisas porque tinham medo da reação de Deus.
Na sua mensagem o mestre falou da consciência amorosa, ou seja, deixar de fazer por amor a si e ao próximo. Se isso é verdade, a boa nova trazida por Cristo, então, é a nova base da relação com Deus: a relação amorosa.
A boa nova é uma nova forma de relacionar-se com o Senhor: a entrega com confiança total por amor. Por isso a boa nova traz consigo o fim do medo.
É sobre isso que o mestre fala quando está nos dizendo da casa construída sobre pedra. Aquele que vive com a consciência crística, ou seja, aquele que coloca nas coisas os mesmos valores que Cristo colocava, não tem medo de nada, pois ama e se sente amado por Deus.
Esse é o alicerce que pode levar à elevação espiritual. Alicerçando a vida numa relação fundamentada no individualismo, no amor a si acima de tudo, a casa é construída na areia e qualquer vendaval a destruirá.
Quem não se relaciona com Deus no amor, acorda de manhã feliz, mas quando encontra o primeiro ser humano que o contraria por qualquer mínimo motivo, perde a felicidade. Por que isso acontece? Porque esse ser não acordou com Deus, mas consigo mesmo. Acordou numa relação entre ele e ele mesmo. Acordou preso as suas posses, paixões, desejos e vontades e projetou todo aquele dia para se satisfazer.
Existe uma coisa que é muito importante perceber: as pessoas não têm mais tempo para Deus. Elas acordam de manhã sem lembrarem de Deus. Essas pessoas têm que viver com medo, pois com certeza a casa deles vai cair, já que é construída sem alicerce.
O dia dessas pessoas é construído sem um alicerce firme. O planejamento delas para aquele dia foi construído sem um alicerce seguro que sustente esse ser.
Para que o ser humanizado possa alicerçar a felicidade no seu dia, para que coloque uma base sólida para o seu bem-estar. é preciso acordar com Deus. ‘Bom dia, Deus, estou desperto. O que o Senhor quer para mim hoje?’ Além disso, é preciso que em todos os seus planejamentos não esqueça de dizer: se Deus quiser.
Para que o ser humano tenha sua paz, felicidade e tranquilidade no dia a dia é preciso que coloque Deus na sua vida. Viver uma relação constante de amor com o Senhor.
Ao invés de programar onde ir sozinho, sempre dizer: se Deus me levar, irei. Além do mais, quem conta apenas consigo para conseguir sua programação pode acabar se decepcionando. Ou será que ainda não perceberam que qualquer coisa que programem, por mais seguro que estejam da realização, está sujeito a não se realizar?
Esse é o ensinamento de Cristo nessa passagem. Mas, para alcançá-lo é preciso desmistificar o poder que o ser humano quer ter: de agir independente da vontade de Deus. Além disso, é preciso deixar de colocar Cristo como um ser que vai fazer dar certo tudo o que o ser humanizado quer.
Ao invés de imaginar que Deus o ajudará a fazer o que quer, o ser humanizado deve viver com a certeza que o Senhor fará o que quiser daquele dia. Ter a certeza que pouco adianta o que quer: apenas o que o Pai achar que é preciso acontecer acontecerá.
Essa mudança na forma de vivenciar a vida, que é pequena, é valiosa para se alcançar a consciência crística. Quem vive pedindo a Deus para que ajude a fazer aquilo que ele quer, vive a sua relação como Senhor de uma forma condicionada. Além do mais, vive medrosamente e sem tranquilidade, pois está sempre com medo de Deus não fazer o que quer.
Esse é o início de tudo para quem quer possuir a consciência crística: a mudança na forma de viver a vida. Aquele que possui a consciência crística vive com Deus ao seu lado; também não convive com um Deus escravo de suas vontades, mas sim com um Pai amoroso e companheiro que constrói a caminhada do ser humanizado objetivando a glória total.
O ser humanizado sai de casa e pega a estrada para ir a outro lugar, mas não sabe se vai chegar. Só quem pode saber se isso acontecerá é Deus. Possuindo a consciência crística ele viajará com Deus na condução não sofrerá durante o caminho e se não chegar; não possuindo, se frustrará com o Senhor porque Deus não o ajudou a realizar seus planos.
Para viver com essa consciência é importante viver a cada momento o que está acontecendo. No momento que pegar a estrada, viver apenas aquilo. A cada quilômetro, viver o quilômetro, até chegar ou não ao destino.
Aquele que possui a consciência crística vive com Deus cada momento, pois sabe que o Pai em sua vida é o momento que está vivenciando. Já aquele que está desatento do momento, ou seja, antes de pegar a estrada já se imagina chegando ao destino, não convive com Deus, pois não está vivenciando-O a cada momento. Por causa disso durante o trajeto está sempre preocupado que algo possa acontecer.
Viver com Deus é não projetar futuros. O ser humanizado não vive o agora onde Deus está, porque está preso ao passado ou ao futuro. É preciso viver cada segundo a cada segundo para poder conviver com Deus.
Ter a consciência crística é viver com Deus a cada segundo numa relação de amor e fé. Esse tipo de vivência traz segurança, pois não importa o que aconteça, será Deus amando-o. Não importa se chegar ou não, louvará ao Senhor. Agora, se o ser humanizado dirigir sozinho para chegar, terá medo de não chegar, ficará preocupado com o caminho.
Quem vive sem a consciência crística tem sempre medo das tempestades que varrem os planos individuais de cada um. Quem tem a consciência crística, ou seja, vive uma relação de entrega com confiança a Deus, não tem este medo. O medo morre no momento exato que há a entrega. Acaba no momento em que se diz: Senhor fazei de mim instrumento de vossa vontade.
Mas, o problema é que as pessoas não têm mais tempo para Deus porque estão presas a uma multidão de desejos que sonham realizar. Preferem continuar sonhando em realizar seus desejos para poder dizer o quanto são poderosas, o quanto são capazes. Para poder se ligar a Deus é preciso abrir mão do falso poder de realização que o ser humanizado possui.
A entrega a Deus que falamos aqui não foi captada por aqueles que leram esse trecho na Bíblia porque usou o que ele diz à disposição dos seus desejos. Por isso existe a interpretação que a casa sólida representa a conquista dos desejos humanos do ser. Pobre ser, que pouco conquista daquilo que sonha, mas continua imaginando que Deus está ao seu serviço.