“Quem que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista”. (Introdução ao estudo da doutrina espírita I – O Livro dos Espíritos)

Pela definição de Kardec compreendemos que espiritualista é aquele que acredita haver em si algo mais do que a matéria. Esse algo mais pode ter diversos nomes segundo as religiões do planeta, mas é sempre algo não material e imperceptível para quem está na matéria.
Este algo mais para os espiritualistas é sua condição real e antecede e sobrevive à vida humana.


“Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível”. (idem)


Há dois tipos de espiritualistas: aqueles que acreditam nos espíritos e outros que não creem neste tipo de algo mais que existe em si além da matéria. Estes creem nos anjos e numa essência que sobrevive ao corpo, mas que não possui existência extra carne. É o caso dos católicos e evangélicos que creem que depois da existência humana este algo mais adormece e ressurgirá no dia do juízo final.
Aqueles que acreditam nos espíritos creem numa existência além da carne ativa. Nesta existência os espíritos agem de determinada forma e se relacionam com o mundo dos vivos. Para estes, o espiritualismo têm que ser mais do que apenas crer que há em si algo além da matéria: é preciso viver para ele.
Todos os mestres nos ensinaram que não devemos ter apego à letra fria, ou seja, que de nada adianta se conhecer sem colocar em prática aquilo que se conhece. Quem apenas sabe e não pratica o que conhece não pode ser considerado sábio. Saber é cultura; sabedoria é saber e colocar na prática aquilo que é conhecido. Mas, o que é colocar em prática o que se aprende, o que é viver para o espírito?
Todos os ensinamentos dos mestres foram trazidos a este mundo para orientar e balizar a vida humana para que ela tenha uma serventia para a existência eterna do espírito. Esta serventia diz respeito ao processo de elevação do espírito.
Todo aquele que acredita no espírito proativo antes e depois da vida humana sabe que esta existência tem por finalidade o melhoramento progressivo do ser universal (espírito). Aquele ser que ao longo da sua existência eterna falhou na vivência dos preceitos espirituais recebe uma nova oportunidade de trabalho para, então, se arrepender de seus erros e viver de acordo com os preceitos ensinados pelos mestres. Esta é a base do processo da reencarnação.
Ao longo do tempo os espíritos vivem vidas carnais onde executarão missões que lhes auxilie a provar que aprenderam os preceitos ensinados pelos mestres e assim alcançar a elevação espiritual. A cada uma destas vivências chamamos de encarnação.
Sendo do conhecimento dos espiritualistas que acreditam na existência eterna do espírito o fato de que estão encarnados para ter uma oportunidade de elevação espiritual e levando-se em conta ainda o fato de que ser espiritualista é viver para o espírito, podemos, então, dizer que este ser humano deve encarar a sua vida como uma oportunidade para realizar um trabalho que o leve à elevação espiritual. A este trabalho chamamos de reforma íntima.
Ser espiritualista não é apenas acreditar na existência do espírito, mas viver a vida carnal com o objetivo de reformar-se. O que é isso? É vivenciar os acontecimentos desta vida fundamentados nos preceitos ensinados pelos mestres. Tal consciência deveria fazer com que eles vivessem os acontecimentos deste mundo de uma forma diferente dos demais seres humanos que não acreditam haver em si algo além da matéria.
Como ensinou Cristo, não se serve dois senhores ao mesmo tempo, pois sempre acabará desgostando um. Quem quer servir à existência eterna do espírito, portanto, não pode servir a existência transitória deste na matéria. Com isso este ser deveria viver de um modo diferente daquele.
Portanto, definindo espiritualista, podemos dizer que é aquele que conhecedor da sua existência antes e depois desta vida e conhecedor ainda do significado da existência humana, muda o seu íntimo para que ele esteja de acordo com o que ensinaram os mestres.