Participante: estou numa fase a qual o encontro com a espiritualidade me afasta de algumas pessoas que me são bastante próximas. Isso está acontecendo apenas porque me apetece ou estou indo de encontro com o desapego?


Se o que está lhe acontecendo é físico, é prova. Não é desapego, apego, não gostar, preferir: não é nada disso. Todas estas justificativas são mentais… O que importa é como você reage a este afastamento e não o afastamento em si.
Como você está reagindo a este afastamento? Você acha que está se tornando mais elevado porque prefere o contato com a espiritualidade ao invés de estar com pessoas queridas? Não está se elevando. Não está se desapegando de nada, mas apegado à espiritualidade.
Agora, se você vive essa convivência com a espiritualidade e o afastamento das pessoas queridas sem emoção, em neutralidade, dizendo para si apenas que isso está acontecendo, está vivendo o desapego. Só que neste caso, você não sabe o que está acontecendo…
Nesta questão de desapego e apego, o ser humanizado precisa ter uma ideia: o desapego nunca é mental. O desapego mental é sempre o apego a alguma coisa. Se você se desapega de uma pessoa porque, para que, como, quando ou onde, está apegado a esta ideia.
O verdadeiro desapego acontece no coração. Ele se consiste em alcançar a neutralidade sentimental com relação ao que está acontecendo.
‘Gosto muito daquela pessoa, mas está me acontecendo de não conviver com ela. Vou viver o que está acontecendo. Mas, se amanhã voltar a conviver com quem gosto e não mais com a espiritualidade, aceitarei isso também sem emoção alguma’. Vivendo essa ideia, não sofrerá quando a mente mudar… No entanto, se apegar-se a ideia de estar desapegando-se, amanhã ou depois, quando não conseguir vivenciar o que está apegado agora, sofrerá.
Este é o problema, esta é a diferença…