Participante: ensina o espiritismo que o aborto é contra a lei natural. Então, o espírito que se digna a trabalhar por um aborto não sofre as penas?
Depende…
Primeiro: não existe pena. Deus não é juiz, julgador. Ele é Pai, é Amor… O Pai pode colocar um filho de castigo, mas não faz isso por raiva ou para aplicar uma penalidade apenas. Ele coloca o filho de castigo para lhe dar uma oportunidade repensar algumas posturas e com isso aprender algo…
Segundo: existem espíritos que se vivenciam o aborto por causa de um carma negativo, mas outros vivem esta mesma situação de forma positiva. Ou seja, existem espíritos que ao serem abortados estão de castigo, mas outros estão gozando de uma premiação… Além disso, se levarmos em consideração a questão 132 de O Livro dos Espíritos, vamos admitir que existem outros espíritos que vivem o acontecimento de serem abortados como missão para poder gerar a prova para outros.
Eu quero lhe fazer uma pergunta. Você já deve ter lido literatura espírita. Já deve ter visto nestes livros pessoas que matam outras para executar o carma delas, para a expiação do outro. Lá você aceita, mas no caso do aborto não. Porque? Qual a diferença de matar um homem velho ou um bebê? A idade da pessoa…
O problema é que nos apegamos à forma física. Já me foi dito que o abroto é abominável porque interrompe a ordem natural da vida. Mas, a ordem natural da vida não é o que você ser humano conhece, mas o que já estudamos: o que o espírito pede antes da encarnação. Esta é a ordem natural da vida, porque a vida não existe como você quer que exista. Ela é a encarnação do espírito e é totalmente criada antes do nascimento. Veja a pergunta 258 de O Livro dos Espíritos que você vai entender o que estou dizendo.
Se lá é dito que a vida humana é gerada a partir do livre arbítrio do espírito que escolhe seu gênero de provas, será que esta mesma ideia não vale quando se fala em aborto? O aborto, o abortar, não é um acontecimento da vida? Sendo, porque o planejamento anterior dos acontecimentos não vale para ele?
Volto a repetir: o problema é achamos que existe uma criança. Isso não existe. O que existe é um espírito velho que inicia a sua encarnação num corpo de bebê.
Mas, mesmo sendo a interrupção de uma vida, deixe-me lhe fazer uma pergunta. Se o espírito abortado fosse se transformar num Hitler você acharia justo o aborto, não? Pois bem, será que você sabe quantos Hitler são abortados?
Portanto, não podemos defender a vida pela própria vida. Temos que defender a vida como oportunidades de elevação espiritual, como vivência de carmas. Na hora que os carmas acabam, não há mais necessidade de ter vida. Por isso, se o espírito só tinha o carma de passar pelo aborto, não havia mais necessidade dele continuar vivo.