Participante: estava escutando uma palestra sua sobre monismo. Sei que tudo é prova, que tudo é ilusão, mas ainda existe, por exemplo, um carro que quero muito comprar. Quando isso me vem via mente digo a mim mesmo que este querer, este desejo, é uma prova. Quando faço isso, vejo que a vontade passa momentaneamente. No entanto sei que este passar foi apenas racional. Eu não senti no coração que me libertei dele. Sei que o senhor já disse que não conseguimos saber racionalmente o que se sente no coração. Por isso pergunto: é só agir racionalmente para se afastar do desejo?


Deixe lhe fazer uma pergunta: o que é preciso para que você saiba o que vai no seu coração?


Participante: sentir.


Não. Como é que você sabe o que vai no seu coração? Quando a mente diz o que vai no coração. Para você só é real, só existe, só lhe pertence aquilo que passa pela razão. Se não passar pela razão, não existe, você não tem conhecimento.
Então, veja, você não sabe o que vai no coração e nem pode saber. Se souber, foi criada uma razão. Mas, como você mesmo acabou de dizer, toda razão é uma ilusão e não uma realidade…
Então, você me diz que sabe que só racionalmente se libertou daquele desejo, mas é só assim que você pode saber que se libertou. Você não tem como saber que se libertou pelo coração, pois se souber, ainda está preso a uma razão… Até porque, você nem sabe se o coração está preso…
A razão pode desejar e o coração não. É porque você acha que o desejo que se forma na mente veio do coração que acredita que deseja no coração, mas ele pode não ter vindo de lá. Pode ser que o seu desejo seja só uma razão para servir de prova, para ver como o coração funciona e não um estado espiritual seu.


Participante: isso eu não vou saber…


Não, não saberá.
Portanto, se racionalmente o desejo foi espantado, aconteceu tudo o que poderia ser feito. Isso porque sobre o resto você não tem ingerência e nem conhecimento.
O que você precisa se lembrar é que o universo está dentro da sua mente e por isso tudo se resolve na mente. A partir do momento que o desejo foi expulso da mente, no seu universo não existe mais aquele desejo.