Cristo ensinou: em verdade vos digo, quem não nascer de novo não verá o reino do céu.
Como reino do céu entendo uma consciência espiritual, uma vivência dentro da Realidade do Universo que por nós só pode ser entendida como algo diferente dos mayas que hoje vivemos e não por qualquer valor que possamos compreender.
Baseado neste ensinamento muita gente busca o “nascer de novo” como o caminho para a elevação espiritual, mas, poucos conseguem. Por que? Por dois fatores.
O primeiro é a busca da elevação através do processo reencarnatório. Alguns acreditam que a elevação espiritual se dá por sucessivas encarnações. Ledo engano. A reencarnação não é uma necessidade imperiosa para a elevação espiritual, mas um instrumento criado por Deus através do Seu Amor Sublime à disposição daqueles que não conseguem realizar a elevação espiritual em uma “vida”.
No ensinamento de Cristo ele não fala apenas em nascer de novo, mas em renascer do espírito. Ora, se creditamos a nossa elevação espiritual a um novo nascimento carnal não estaremos renascendo do espírito, mas do humano. Reencarnando constantemente jamais chegaremos ao reino do céu, pois a premissa básica do renascimento do espírito não existe.
Para que renascêssemos do espírito seria necessário que estivéssemos humanos para então renascer espíritos. Isso só pode acontecer durante a encarnação e não com novos nascimentos materiais. Assim sendo, o renascimento tem que ser feito em “vida” e não com sucessivos nascimentos.
O segundo aspecto referente a este conhecimento é básico: tudo que nasce, morre, para, só então, renascer. Este é o ciclo fundamental da vida. A folha da árvore nasce e morre e depois renasce como adubo.
Aí está um dos motivos porque poucos conseguem: ninguém quer morrer primeiro para renascer depois. Preferem manter-se “vivos” (com os mesmos valores que vivem hoje ditados pela personalidade humana) do que arriscarem-se a atirarem-se no desconhecido, naquilo que não há referencial no ego.
Devemos compreender que antes de renascermos do espírito será preciso que “morramos” como o que somos agora. Se o renascimento citado pelo Mestre é pelo espírito, dentro do ciclo de impermanência das coisas, a morte é a do humano que estamos agora.
Aí está o ciclo chamado de elevação espiritual: o espírito que nasce como humano com a missão de renascer como ser universal, mas para isso precisa provocar a morte do ser humano.
Não estou falando de “morte” como algo físico, mas como “eliminação de uma consciência”. A consciência humana que hoje encobre a nossa consciência espiritual precisa ser “eliminada” para que o espírito que somos possa renascer. Por isto Cristo fala mais no seu ensinamento: renascer do espírito e da água.
A água é o elemento purificador, aquele que elimina as “sujeiras”. O processo de “morte” da consciência humana com a qual hoje vivemos é a purificação que elimina os conceitos enraizados que são as “sujeiras” com a qual o ser universal vive enquanto está humano. Aliás, bem a propósito Buda chama o fruto da ação humanística do espírito de “poluição adventícia”.
Portanto, como Cristo também propõe, cuidemos do nosso interior assim como cuidamos do exterior. Deixemos que a “água” (o amor e a fé em Deus) purifique nosso interior para que possamos renascer em espírito.