Vamos, então, falar um pouco de como se viver a expiação sem sofrimento.


A primeira coisa necessária para isso é a consciência de que você não é um ser humano, mas sim um espírito, um ser universal. A segunda é saber que aquilo que chama de vida não é isso, mas a encarnação de um espírito, que é você. Ou seja, precisa compreender que é um ser universal vivenciando uma encarnação formada por expiações, que são provas para você, o espírito.


O que estou afirmando como necessário agora parece uma redundância para quem se diz espírita ou até espiritualista, mas não é. A maioria dos seres encarnados, apesar da crença na existência eterna do espírito, não vive com a consciência de que é um ser universal.
A maioria se acha um ser humano e não vive com a consciência de que essa vida não é uma vida, mas uma encarnação. Por isso querem o bem material e para tê-lo não aceitam a situação negativa da vida: rangem seus dentes quando o sofrimento aparece.
Quem se acha humano não vê a presença da expiação, a vicissitude como a realidade da vida. Acredita que a vida foi feita para sempre satisfazer suas vontades.
É preciso estar consciente da sua realidade. O espírito que não está consciente disso acha que a vida será um mar de rosas, que sempre tem que ocorrer aquilo que ele acha bom. Ele não acredita que o bem que acontece agora sempre se transformará em algo que não gosta (vicissitude).
Isso é impossível. O espírito não encarna para viver uma vida que sempre atenderá seus desejos, mas sim para vivenciar vicissitudes, pois só assim pode chegar perto de Deus, ou seja, vivenciar a verdadeira felicidade.
É por isso que inexoravelmente a situação que o espírito está vivendo hoje vai se alterar amanhã. É isso que Buda chama de impermanência e o Espírito da Verdade de vicissitudes da vida.
Portanto, essa é a primeira forma de conviver com a vicissitude: compreender que ela existirá, que será impossível parar a roda das expiações, que mais dia menos dia a situação boa que hoje sendo vivenciada se alterará e com isso o mal acontecerá. Ao invés de lamentar isso, ter a consciência de que isso é necessário, fundamental para a vida humana, pois sem essa mudança você, o espírito, não se aproximará de Deus. Viverá rangendo dentes quando a situação alterar-se e terá que reencarnar para viver a mesma coisa.