Como já disse, Paulo não foi apóstolo de Cristo durante a existência carnal do mestre. Ele recebeu os ensinamentos e percebeu a santidade divina de Cristo diretamente em espírito, durante o período que ficou cego depois do acidente da estrada de Damasco. Por isso posso dizer que sua percepção sobre o mestre e sua compreensão sobre os ensinamentos foi muito mais profunda do que qualquer outro apóstolo.
Mesmo assim, Paulo não chega à raia do fanatismo, da idolatria a Cristo. O Evangelho, ou caminho para elevação espiritual que ele prega, necessariamente não inclui a idolatria ao Filho de Deus.
O que prega, como ele mesmo disse anteriormente, é que os não judeus, apesar de não conhecerem a lei nem a santidade divina de Cristo, também podem alcançar o objetivo da encarnação: aproximar-se de Deus. Para isso, não precisam idolatrar a Cristo.
Isto é muito importante para os seres humanizados, porque na verdade eles se preocupam em idolatrar a apenas um mestre, dizendo que apenas ele é real e, com isso, criam paixões mundanas (gostar) que não os deixam alcançarem a Deus.
Quem idolatra um mestre não chega a Deus. Isto porque esta idolatria é fomentada por uma paixão gerada pelo ego. O Universo é uno, vive em unicidade, por isso não se pode distinguir um bom ou melhor do que o outro.
Todos os mestres são enviados de Deus e ensinaram a amá-Lo acima de todas as coisas. Nenhum deles pediu idolatria a si mesmo, mas ensinou que é preciso alcançá-Lo para se conseguir a bem-aventurança.
Paulo era cristão, ou seja, reconhecia Cristo como mestre, mas não o Cristo homem nem o próprio espírito: para ele o mestre é o ensinamento (caminho) trazido por ordem de Deus. Esta constatação fica bem clara logo no início desta carta: por meio dele (Cristo), Deus me deu a honra de ser apóstolo…
O apóstolo servia a Deus através de Cristo e não ao próprio mestre.