ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO – Comentários de Joaquim de Aruanda ao Capítulo II do livro I – Das Causas Primárias – de O Livro dos Espíritos.

SUB-CAPÍTULO II – ESPÍRITO E MATÉRIA

Pergunta 21 – A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele em dado momento? Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar. É que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis concebê-lo ocioso, um momento que seja?

Pergunta 22 – Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições? Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.

Mensagem especial de Joaquim – De tudo o que falamos até aqui, aliás do que falamos sempre, guardem o seguinte ensinamento: é preciso agir… É preciso que o espírito aja, porque do “céu só cai avião e chuva”.

Pergunta 23 – Que é o espírito? O princípio inteligente do Universo.

Pergunta 23a – Qual a natureza íntima do espírito? Não é fácil analisar o espírito com vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.

Pergunta 24 – É o espírito sinônimo de inteligência? A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.

Pergunta 25 – O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som é do ar? São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.

Pergunta 25a – Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam). É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.

Pergunta 26 – Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito? Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.

Pergunta 27 – Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito? Sim e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir uma infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

Pergunta 27a – Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade? Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.

Pergunta 28 – Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de – matéria inerte e matéria inteligente? As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.