Podemos agora falar, então, sobre como se criam as formas. Elas são criadas pelas percepções do espírito. Por isso, vamos conversar sobre o segundo agregado, ou seja, um elemento que não é dele, mas que utiliza enquanto humanizado.

Antes, porém, uma ressalva importante. Estamos falando constantemente em espírito humanizado e não encarnado, pois os cinco agregados existem em espíritos mesmo quando fora da carne.

Os seres podem ser considerados humanizados quando encarnados, mas também há desencarnados dessa forma. A humanização do espírito se dá pelo seu grau de consciência e não pela densidade da matéria que ocupe. A humanidade de um ser não é ditada pela sua situação física, mas pelo seu grau de elevação espiritual.

Assim, se o espírito estiver espiritualizado, na carne ou fora dela, os agregados desaparecerão, mas enquanto houver a humanização humanizado (vivendo com uma consciência humanizada) eles existirão, independente de órgãos físicos. Voltemos agora ao tema percepção.

Percepções são coisas que são percebidas pelo espírito através dos órgãos sensoriais do corpo. Como dissemos antes, a percepção existe mesmo quando o ser está desencarnado. Por isso, o corpo a que nos referimos aqui não é apenas o físico, mas também o perispiritual. As percepções podem ser recebidas tanto pelo olho, por exemplo, do corpo físico como pelo olho que existe no perispírito.

A percepção é o fruto daquilo que entra pelo olho, pelo ouvido, pelo nariz, boca e pelos órgãos de sensibilidade espalhados por todo elemento material que o espírito está utilizando. A imagem captada pelo olho, o som captado pelo ouvido, o cheiro, o paladar e a sensibilidade captados pelos seus órgãos próprios são percepções.

Agora, o que é um olho? É uma peça material, um órgão de percepção, tanto no corpo físico como no astral. Por isso, não pode criar nada.

O olhar, a percepção visual do que é visto não é criada pelo olho, pois ele é apenas um órgão do corpo físico. O olhar, como veremos adiante, é mais do que a simples percepção captada pelo olho.

 Além disto, o olho é um órgão que limita a percepção do espírito. Quando estudamos O Livro dos Espíritos havia uma pergunta que dizia: o espírito enxerga pelo olho? A resposta foi não, ele vê pelo corpo inteiro. No entanto, enquanto estiver humanizado se apega ao órgão olho como única fonte de percepção o que limita a sua capacidade de ver.

Podemos afirmar então que a percepção do espírito é irreal, uma ilusão, maya, porque é limitada e não abrange tudo. A irrealidade acontece porque existem muito mais coisas além daquelas que são percebidas.

Por exemplo: você é capaz de dizer o que está acontecendo em ambientes diferentes daquele que está agora? Não, porque está preso ao som que entra pelo seu ouvido. Se não está ouvindo ou vendo, é sinal de que nada está ocorrendo.

Mas, muita coisa está se passando ao seu redor. Por exemplo: à sua volta, não importa onde esteja, existem diversos espíritos conversando entre si: isso faz parte da Realidade do universo. Como não os ouve afirma que está sozinho.

O achar que está só ou a afirmação de que espíritos não existem, são mayas (ilusões) geradas por aqueles que acreditam apenas nas percepções captadas pelos seus respectivos órgãos.

É isso que o Buda nos ensina: você não pode se apaixonar pelo que ouve (acreditar) porque existem muito mais coisas do que aquilo que consegue perceber pelos órgãos. Não pode se apaixonar pelo que vê, porque existem milhares de coisas além daquelas que a sua pequeníssima capacidade de perceber é capaz de enxergar.

É justamente desta limitada percepção e desta limitada capacidade de conhecer o universo que nascem suas verdades. Elas estão presas ao que você vê, ouve, cheira, prova sabor ou que tem sensação pelo corpo. Mas, elas não são verdadeiras, pois, existem milhares de coisas além do que é percebido pelo ser humanizado.

A prisão a elas como verdades absolutas gera o maya, porque gera a falsa verdade, ou verdade relativa. Gera ilusão de, por exemplo, acreditar que algo não serve para nada: Quem disse isso? Você? Mas, além do que consegue compreender existem mais coisas.

O que você diz que é erro pode se transformar em acerto se conseguir compreender tudo o que se passou. Mas, para isso, é preciso ver realmente o que se passou. Mas, você não vê tudo o que acontece, pois não enxerga tudo. Acusa a si e aos outros só porque acredita que houve algo errado, mas essa compreensão acontece apenas porque não viu, teve sensibilidade, ouviu ou sentiu o gosto e o cheiro da Realidade.

Este é o segundo elemento agregado do espírito: a percepção. Quando liberto da humanização o espírito exercerá a sua real capacidade de perceber que está além daquelas que são captadas pelos órgãos físicos e poderá ver, então, a emanação de Deus. Só assim se libertará dos mayas, das ilusões.