Quando se começa qualquer análise dos elementos do mundo em que vivemos a primeira preocupação é em definir o Ser Supremo. Esta análise, no entanto, esbarra logo em um primeiro obstáculo: o nome do Ser Supremo. Muitos chamam o Ser Supremo de Deus, outros de Jeová, alguns de Alá e outros nomes diferentes. Esta confusão de palavras sempre interfere na espiritualidade dos seres encarnados que se imaginam certos em suas convicções e com isto acabam com o universalismo e o ecumenismo em suas existências.


Não importa porque nome você chame o Ser Supremo, pois este nome é apenas uma palavra. Deus é o somatório das letras “D”, “e”, “u”, e “s”: Nada mais do que isso.
O que pode definir o Ser Supremo não é a palavra que o identifica, mas sim o que ela representa para você. Afinal, palavra é apenas a “faculdade de expressar ideias por meio de sons articulados” (Mini Dicionário Aurélio). O que importa, portanto, é a ideia que você faz do Ser Supremo e não a palavra com a qual você O chama.
Por isso, quando procuramos definir o Ser Supremo não podemos nos ater na pergunta “quem é Deus”, ou seja, defini-lo como individualidade, mas sim quem é Deus, que ideia se faz Dele. Até porque “a inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus” (O Livro dos Espíritos – pergunta 11).
Não vamos, então, discutir quem é o Ser Supremo, que por convenção chamaremos de Deus, mas sim o que é Deus, ou seja, que ideia se pode fazer Dele, o que é Ele, o que representa para a nossa existência.
A definição mais completa que existe no mundo carnal sobre “o que é Deus” foi passada pelo “Espírito da Verdade” a Allan Kardec e está em O Livro dos Espíritos: “Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas”. Vamos, inicialmente, neste texto, entender o significado desta definição.
Na primeira frase da definição, Deus é considerado a “Inteligência Suprema”: o que podemos depreender desta afirmação? No mesmo Livro dos Espíritos, a mesma fonte (Espírito da Verdade) afirma na pergunta 23 que o espírito é “o princípio inteligente do Universo”. Podemos, então, depreender daí que espírito e inteligência são sinônimos, dentro da visão espiritual. Isso fica bem mais claro quando lemos com atenção a pergunta 24.
“O espírito é sinônimo de inteligência? A inteligência é um atributo essencial do espírito. Todavia, como ambos se confundem num princípio comum, para vós são a mesma coisa”.
Relendo a primeira frase da definição contida no Livro dos Espíritos para o que é Deus, podemos, então, compreender que “Deus é o Espírito Supremo”. Neste trabalho utilizaremos para definir espírito o termo ser, uma vez que o outro vocábulo possui diversos valores, definições, entendimentos, que nem sempre corresponde a visão universal do princípio inteligente.
Portanto, a primeira compreensão sobre o tema “o que é Deus” é de que Ele é o “Ser Universal Supremo”.
Deus é um ser, um espírito. Não é um conjunto de energias, uma força suprema ou o próprio universo, como muitos imaginam. Deus é um princípio inteligente, um ser.
Isto fica muito claro quando admitimos que nós mesmos somos seres ou espíritos. Na Bíblia Sagrada está afirmado: “façamos o homem (ser encarnado) a nossa própria imagem e semelhança”. Se formos seres universais e imagem e semelhança de Deus, isso quer dizer que Ele também o é.
Esta é a primeira visão sobre Deus, mas ela deve ser compreendida em toda a sua extensão. Deus é um Ser. No entanto Ele é Supremo, ou seja, um Ser que possui todas as suas propriedades elevadas ao expoente máximo e por isso vivencia as bases da Verdade Absoluta (espiritualismo, ecumenismo e universalismo) com absolutismo.
Por isso podemos afirmar que Deus é o espiritualismo elevado ao expoente máximo. Isto quer dizer que Deus não se afeta, em momento algum, com o materialismo. Não se preocupa com matérias, com coisas materiais, com a felicidade material, pois o Seu espiritualismo não deixa buscar materialismos.
Deus é o ecumenismo ao extremo, ou seja, é a ausência total de regras e normas. Além disso, é o Universalismo ao extremo. Apesar de ser uma individualidade jamais pensa em si como um, mas só raciocina como um Todo.
Isto é Deus. Um Ser que vive assim, que possui esta base para ver as coisas do Universo. Se não fosse, não poderia conhecer a Verdade Absoluta das coisas, pois estaria preso às dualidades do materialismo e do individualismo.
Exatamente por causa desta forma de ser a resposta do Espírito da Verdade à primeira pergunta do Livro dos Espíritos consagra: “Deus é a Causa Primária de todas as coisas”.
Quem encarna em si, sem nenhum defeito, o espiritualismo, o ecumenismo e o universalismo, tem que ser a Causa Primária de todas as coisas para que a Verdade Absoluta sempre esteja presente. Se houvesse outro causador que não possua estas mesmas propriedades elevadas ao extremo seria a vitória do relativo (individual) sobre o absoluto (universal).
Esta primeira análise já nos leva a compreender algo fundamental para a elevação espiritual: o Universo encontra-se no Absoluto, o que garante o equilíbrio eterno dele. Ou seja, o Universo jamais se desequilibra.
Apesar do ser ainda ver desequilíbrio nas coisas universais (certo e errado, bonito e feio, bom ou mau), se houvesse um desequilíbrio a Perfeição estaria quebrada. O universo seria injusto e maldoso, se a Perfeição se quebrasse.
Por isso é preciso que Aquele que não contemple o eu (individualismo que privilegia um em detrimento do todo) seja o Comandante de todas as coisas. Isto quer dizer Causa Primária, ou seja, comando de todos os acontecimentos universais (ação universal) seja, em forma, gênero, número ou grau.
Esta é a primeira visão sobre Deus: o “Ser Supremo que comanda todos os acontecimentos”. No entanto, podemos ir ainda mais longe em nossa análise sobre o Pai.
Por esta introspecção ao universal, esta integração perfeita ao todo, também pode se afirmar que Deus é o Universo, pois Ele se vê como o todo e não o eu. Com o universalismo levado ao extremo, o Pai não reconhece em si a individualidade, mas entende-se como uma peça que compõe o Todo.
Deus é um ser, mas também é o todo, tudo que existe, o próprio Universo. Esta duplicidade de visão do Ser Supremo (um ser individual e o próprio todo), no entanto, não possui palavras para designar e daí surge muitas desavenças sobre o que é Deus.
Apenas para facilitar a compreensão deixaremos para o vocábulo Deus a definição de Ser e diremos que tudo o que existe é Deus emanado. Utilizamos o termo emanado dentro da compreensão dele pelos encarnados: originado.
Tudo o que existe no Universo, portanto, é Deus, mas não o Ser supremo, mas emanado por Ele através da ação da Causa Primária de todas as coisas. Eu, você, as árvores, os animais, os planetas e estrelas somos Deus emanado porque somos frutos da Causa Primária de todas as coisas.
No entanto, o Universo não é composto apenas de seres e objetos. Ele é dinâmico e por isso se movimenta. As pessoas e objetos relacionam-se entre si através daquilo que chamamos “acontecimentos”.
Se Deus é a Causa Primária de todas as coisas, também o é dos acontecimentos. Estes, então, poderiam também ser considerados Deus emanado. No entanto, dar a uma coisa imaterial a mesma designação de material seria confundir muito o conhecimento humano.
Por isto, chamamos os acontecimentos de emanações de Deus. Tudo o que ocorre com os seres e os objetos em seus relacionamentos é emanado por Deus através da Causa Primária de todas as coisas.
Encontramos, portanto, nesta busca de conhecer o que é Deus três elementos: o Ser Supremo, o Deus emanado e as emanações de Deus. Portanto, podemos afirmar que Deus é um Ser que possui as propriedades elevadas ao expoente máximo e perfeitamente integradas ao Universo a tal ponto de neutralizar qualquer influência do eu (individualidade) e, por isto, ser o próprio Universo: os seres e matérias que existem e seus relacionamentos.
“12. Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos formar ideia de algumas de suas perfeições? De algumas sim. O homem as compreende melhor à proporção que se eleva acima da matéria”. (O Livro dos Espíritos)
Definido o que é Deus, o que Ele representa para o Universo, podemos, então, falar sobre a sua natureza íntima, de suas propriedades intrínsecas (Justiça e Amor). No entanto, uma coisa é preciso deixar bem claro de início: estas propriedades não são só do Ser Deus, mas de todos os princípios inteligentes do Universo.
Como vimos no texto do livro Gênesis da Bíblia Sagrada, todos os seres do Universo foram criados à imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, por herança genética, todos têm que possuir a mesma natureza íntima.
Justiça e amor são características presentes em todos os espíritos, mas no Ser mais elevado, ganham distinções. Isto porque, como já dissemos, Deus é o Ser que possui todas as suas propriedades elevadas ao expoente máximo.
Entendemos justiça como “a virtude de dar a cada um aquilo que é seu” (Mini Dicionário Aurélio). Esta propriedade intrínseca de cada um guia a existência dos princípios inteligentes do Universo.
Como já falamos anteriormente, o princípio inteligente se confunde, para os seres humanos com a própria inteligência. Portanto, existir para um princípio inteligente não é executar atos materiais, mas a ação da sua inteligência. Esta ação é conhecida como raciocínio. Raciocinar, então, é viver para os princípios inteligentes.
Os raciocínios são análises das coisas (objetos, seres e acontecimentos) do Universo. Após este processo de análise o princípio inteligente chega a uma conclusão que é o “valor” que se aplica àquilo que foi analisado. A propriedade intrínseca “justiça” dos seres é um dos elementos que interferem neste valor que se dá às coisas.
Se todos somos princípios inteligentes precisamos da propriedade justiça para que o raciocínio existe, ou seja, para que estejamos “vivos”. Portanto, todos os seres possuem noção de justiça.
No entanto, em Deus esta propriedade ganha distinções, pois só Ele possui a Justiça Espiritualista, a Justiça Ecumênica e a Justiça Universalista e, portanto, pode alcançar a Verdade Absoluta das coisas (Justiça Absoluta ou Perfeita). Todos os outros seres, em diversos graus, ainda possuem nas suas noções de justiça elementos materialista e individualistas que os afastam da Verdade Absoluta como resultado do raciocínio.
A Justiça Espiritualista de Deus se consagra pela não valorização do bem material. Como falamos anteriormente, o bem material não é o objeto em si, mas a felicidade material: o prazer oriundo da satisfação de ver seus desejos atendidos com a posse daquilo que é desejado.
A Justiça Espiritualista de Deus não se embasa nos desejos humanos que o ser vivencia. Deus não dá o que cada um quer, mas aquilo que cada um merece.
O enfoque do Ser Supremo ao criar as emanações de Deus não é satisfazer o ser, mas priorizar sempre a felicidade mais pura, universal. A ação de Deus sobre as coisas materiais é sempre objetivando promover uma oportunidade para que o ser, exercendo seu livre arbítrio, possa alcançar a felicidade universal.
Os seres humanos se preocupam com as coisas materiais objetivando alcançar a felicidade carnal: beleza, estética, durabilidade, forma. Estas são visões individualistas, ou seja, baseada nos conceitos (verdades) individuais de cada um. Quando o ser humano “julga” as coisas dessa forma, busca, o prazer, ou seja, a sua satisfação individual.
Deus não se preocupa com estes aspectos: sua preocupação única é se a coisa material está servindo ao Universo como um todo.
O ser humano quando do seu processo raciocínio utiliza a justiça materialista e Deus a Justiça Espiritualista. Deus, quando raciocina não se preocupa em satisfazer verdades materiais, mas está sempre analisando qual o melhor caminho para a felicidade universal.
A Justiça Espiritualista de Deus é voltada para a existência eterna e para a felicidade eterna do ser. Como nos ensinou Cristo, ela é voltada para o bem no céu e não na Terra.
A Justiça de Deus não se concentra no bem estar material, mas só leva em consideração a felicidade espiritual do espírito. Será julgado o que cada um ser fizer contra a felicidade espiritual do outro. Tudo que for feito contra a felicidade material de um ser não será julgado por Deus.
Por exemplo: se uma pessoa dá um tapa na cara do outro sem raiva, ira, ou qualquer outro sentimento individualista, não será julgado por Deus. No entanto, mesmo que ações materiais não sejam executadas contra o próximo, o ser apenas não gostando de alguém já gerará uma avaliação divina.
Deus avaliará apenas o sentimento com que o ato for praticado e não o próprio ato em si. Deus só se preocupa com a ação espiritual e não a ação material. Esta forma de racionar, de se chegar a uma conclusão sobre um acontecimento, chama-se Justiça Espiritualista e é toda a base do ensinamento conhecido como Bhagavad Gita.
Lá, Krishna, Mestre enviado de Deus, conversa com Arjuna, um ser humano, antes de um combate mortal. O ser humano se recusa a entrar na peleja por causa das consequências. Do outro lado do campo de batalha estão parentes seus e ele não quer carregar com si a culpa de haver ferido mortalmente seus parentes.
Este é um julgamento material, pois premia o bem estar físico em detrimento ao bem estar espiritual (culpa, remorso). Por isto Krishna ensina desta forma a Arjuna.
Neste momento crítico, ó Arjuna, de onde te vem essa indigna fraqueza, não própria de um ariano, abjeta e contrária à vivência da vida celestial?
Não te comportes como um carente de virilidade, ó Partha, isso pára ti é indigno! Afasta de ti essa fraqueza de caráter, ó fulminador de inimigos!
Estiveste lamentando-te por aqueles que não o merecem. Todavia, pareces falar como um sábio. Só que os verdadeiros sábios não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos.
Sabe, Arjuna, que nunca houve tempo em que Eu deixasse de existir, nem tu, nem esses reis e jamais deixaremos de existir no futuro.
Assim como o “ser encarnado” tem a sua infância, juventude e velhice, assim também tal ser ressurge como outro corpo. Os sábios nunca se confundem a respeito disso.
Ó filho de Kunti, as noções que tens a respeito do quente e do frio, do prazer e da dor, essas nascem do contato dos sentidos com os objetos; tudo isto tem origem e fim e em verdade são aparências transitórias. Suporta isso com equanimidade, ó Bhârata!
Ó tu, o melhor dos homens, somente aquele que não se aflige por tais modificações e é equânime tanto no prazer como na dor realiza a imortalidade.
O irreal jamais existe; o real nunca é inexistente. Os sábios percebem claramente esta Verdade”!
Compreende que Aquele que interpenetra tudo isto é imortal. Ninguém nem nada pode destruir esse princípio imutável!
Estes corpos, nos quais habita o eterno ser, imortal e incomensurável, têm fim; por conseguinte, luta, ó descendente de Bhârata!
Aquele que pensa que este ser mata e aquele que pensa que este ser é morto, os dois são ignorantes. O ser não mata nem morre.
Esse ser não nasce nem morre e tampouco desencarna; o ser não tem origem; é eterno, imutável, o primeiro de tudo e todos e não morre quando matam o corpo.
Ó filho de Prithâ! Como pode morrer ou causar morte de outro aquele que sabe vivenciadamente que este ser é indestrutível, eterno, sem nascimento e imutável?
Assim como costuma deixar suas roupas gastas e bota outras novas, assim o ser corporificado e humanizado abandona seu velho corpo e faz-se outros novos.
As armas não o cortam, o fogo não o queima, a água não o molha e o vento não o seca.
A este ser não se lhe pode cortar nem queimar, nem molhar, nem secar; é eterno, onipresente, estável, imóvel e primordial.
Diz-se que este ser é não manifesto, que é impensável e imutável; se sabes e sentes que é assim, não te deves lamentar.
Todavia, ó tu de braços poderosos, se pensas que este ser a todo momento nasce e morre, mesmo assim não deverias afligir-te por isso.
Pois, para aquilo que nasce, a morte é certa e inevitável e para o que morre, o renascimento é coisa certa. Não te lamentes, portanto, pelo que é inevitável.
Todo a preocupação de um ser enviado por Deus não é pela provável carnificina que ocorrerá em breve, pois é inevitável (estava escrito – Maktub), mas sim para que Arjuna pratique o ato sem lamentações, aflições, ou qualquer outro sentimento de culpabilidade. Orienta ao seu irmão que cumpra com o seu dever para a humanidade.
Deus ao criar, como Causa Primária de todas as coisas, a batalha na qual participará Arjuna utilizou a Justiça Espiritualista que determinou que o “melhor” para a existência eterna daqueles que perecerão na batalha seja o desencarne. Ao ser que se transforma em instrumento da ação universal comanda pela Causa Primária, resta praticar o ato sem individualismo (sofrimento).
Para idealizar a ação material que resultará da Justiça Espiritualista, Deus observa a Justiça Ecumênica, ou seja, não existem regras ou normas que balizem as ações: tudo o que se faz em nome de Deus (amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo) é perfeito.
Não existem leis que digam o que pode ou não ser feito. Faça o que você fizer amando, estará perfeito. Isto porque, um ser universal não consegue aplicar universalmente a sua justiça. Ele não conhece todas as “verdades” envolvidas no assunto.
Desta forma julgará apenas com seus valores relativos. Apenas Deus, o Onisciente, pode saber a “Verdade Universal” sobre as coisas e comandar uma ação Perfeita.
Quando um ser julga (avalia) coisas está sempre aplicando a justiça individualista. O objetivo final desta avaliação é o prazer, a satisfação de ver suas verdades tornadas universais. O ser em evolução busca sempre se servir das coisas ao invés de servir ao todo.
Só Deus pode aplicar a Justiça Universalista, ou seja, aquela que premia o todo acima do individualismo. Deus quando avalia ações espirituais (sentimentos) não leva em consideração qualquer individualismo, nem o seu mesmo, se Ele o tivesse.
Deus não se preocupa com o ato de roubar dinheiro do próximo, por exemplo, mas se o ser roubar um segundo de tranquilidade, felicidade, paz, de um espírito, Deus agirá para lhe dar de acordo com a sua obra.
Estas são as três características da propriedade Justiça de Deus, mas Ele ainda possui o Amor Sublime. Esta propriedade também é aplicada com os três fatores que garantem o expoente máximo a esta propriedade divina: espiritualismo, ecumenismo e universalismo. Deus é o Amor Espiritualista, Amor Ecumênico e Amor Universalista.
Amor Espiritualista: Deus lhe ama como espírito, como ser universal. Deus não ama o seu individualismo, a sua vontade de se satisfazer. Para Deus o materialismo não possui valor porque transitório e individual, ou seja, relativo.
Portanto, o amor de Deus sempre chegará ao ser para levá-lo para o universal, sempre com o sentido universal, nunca com o sentido individual: o você quer, o você gosta, será o que Deus tem que lhe dar. Isto não pode ocorrer porque Deus dá a cada um (acontecimentos e objetos) o que precisa e merece para se universalizar e não porque o ser quer ou goste.
Amor Ecumênico: um amor sem regras, sem normas, sem desejos. O Amor Ecumênico é só amor: puro, cristalino.
O amor de Deus por seus filhos não pretende agradar ou satisfazer o ser, mas objetiva sempre colocar instrumentos para que o espírito evolua e universalize-se, alcançando a perfeita integração ao todo, única condição para alcançar a felicidade universal.
Amor universal: Deus ama a todos, ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Deus não tem predileções por nenhum ser.
Tanto faz aqueles que já conseguiram se elevar ou não, que oram mais ou menos, que cumprem os mandamentos: nenhum fator cria privilégios especiais para Deus. Na hora que Deus afirmar que este é o meu filho especial, acabou com o equilíbrio do Universo.
Isto é Deus e esta é a forma como Ele age no Universo. Só a partir desta análise que fizemos pode se dar valor de real às demais características que os mestres afirmaram que Deus possui: Onipresente, Onisciente, Onipotente, Eterno, Imutável, sem forma, Único.
Todas estas características que se atribui a Deus são consequências de Suas verdades (Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas) aliada ao seu expoente máximo das características de evolução (espiritualismo, ecumenismo e universalismo). Sem esta visão, os ensinamentos não possuem lógica.
Simplesmente se definir Deus pela Onipotência, sem se admitir a Causa Primária, não tem lógica. Admitir-se Deus como Único sem entender-se a sua universalidade ao extremo ou entendê-Lo pela sua Onipresença sem ver o seu ecumenismo ao extremo, não possui lógica e isto leva ao materialismo, à busca do prazer.
É preciso ter estes três aspectos que são fundamentais para a existência de um ser em mente para começar a se compreender Deus e o Universo. Apenas no momento que se compreende Deus e Sua ação (a própria vida) baseado nos três aspectos da existência espiritual (espiritualismo, ecumenismo e universalismo), se entende a vida carnal: uma ilusão criada por Deus para que cada ser escolha um sentimento para reagir.
Sem a direção de Deus o próprio Universo não existiria. Se o Universo é a perfeita fusão de todos em um só, como isto poderia ocorrer se as partículas agem individualmente, buscam a satisfação individual, idolatram o individualismo, o que gostam, o que querem? Seria o caos, um mundo onde cada um estaria permanentemente em guerra com o próximo para se satisfazer individualmente.
Só a ação de Deus sobre o mundo (Causa Primária de Todas as coisas com Amor e Justiça Espiritualistas, Ecumênicas e Universalistas) explica a coesão do universo.
Estes são os aspectos para se conhecer Deus e sem isto não se chega a Deus. É por isto que todos os Mestres da humanidade ensinaram e viveram desta forma. Foi assim que Cristo vivenciou todos os atos daquela encarnação: espiritualista, ecumênico e universal.
Ele nos ensinou um Deus que possui estas três propriedades. Ao não atirar a pedra na prostituta ele foi ecumênico (sem regras, sem leis, sem normas). Adorou acima de tudo Deus, o Pai, que causou o adultério.
Isto é Deus: um Ser sem a menor individualidade que se vê como o próprio Universo.