“Quem tem juízo colhe no tempo certo, mas quem dorme na época da colheita passa vergonha”. (Provérbios, 10, 5)
Não basta apenas esforçar-se para averiguar e conhecer os elementos humanos que devem ser reformados no íntimo de cada um: é preciso a prática daquilo que se descobre através da análise para poder se adquirir bens suficientes que façam o ser humanizado alcançar o que deseja. Quem investiga, mas não põem em prática é como o fazendeiro que na hora da colheita do que plantou dorme.
Aquilo que é adquirido através da averiguação dos padrões morais humanos a partir dos ensinamentos dos espíritos precisa servir como base da vivência de futuros acontecimentos. Sem isso, este ser continua vivendo o sonho de ser um humano e com isso não alcança sua verdadeira identidade: o espírito que habita a carne. Neste processo, no entanto, o espiritualista terá um grande inimigo: a sociedade humana…
Todos os elementos do mundo humano são fundamentados em códigos morais. Moral é um conjunto de preceitos que se ocupa dos problemas relativos a um grupo regendo a sua vida social. Este grupo pode ser uma nação, um país, um estado, uma cidade, um bairro ou mesmo uma família. Não importa a quantidade de pessoas, o código de normas que rege a vida social de uma comunidade transforma-se sempre em um código moral daquele grupo e rege os hábitos e costumes dele.
Desta pequena análise podemos entender que existem diversos códigos morais. O que é moral num grupo pode não ser em outro, já que o código moral é instituído a partir dos hábitos e costumes do próprio grupo e estes variam de acordo com cada comunidade. Um grupo, por exemplo, pode ter como norma moral o fato do vestir-se. Para algumas comunidades estar dentro da moral é andar vestido, já em outras, a regra diz que moral é andar sem roupas. Em alguns países ter mais de uma esposa é moral, mas em outros não…
A consciência da diversidade de normas entre cada comunidade que o código moral possui é importante quando vamos investigar o comportamento humano à partir das informações dos espíritos sobre a existência do ser universal quando liberto da mente humana. Isso porque, este grupamento de seres possui o seu próprio código moral, que, de acordo com o Espírito da Verdade, é diferente dos preceitos dos humanos:
“Logo que este (o espírito) se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar”. (O Livro dos Espíritos, pergunta 266)
Se o espírito quando liberto da matéria possui outra forma de pensar, ou seja, de encarar os acontecimentos de sua existência, isso o leva a ter hábitos e costumes diferentes daqueles que estão encarnados. Tal consciência nos leva necessariamente a entender que existe um código moral diferente para eles. Sendo o espiritualista o ser que acredita haver em si algo além da matéria e que por isso deve priorizar os valores deste algo mais, mesmo quando encarnado, deve-se, portanto, analisar os valores morais do mundo carnal à luz daqueles com que convivem os libertos da matéria para, então, se conseguir esta vivência.
Este é o ponto de partida para qualquer trabalho de reforma íntima do espírito na carne para levá-lo à elevação espiritual: averiguar a moral humana a partir das informações espirituais e com isso abandonar a defesa destes interesses.
Fazendo esta averiguação e colocando o resultado em prática no seu modo de pensar, o espiritualista extirpa a mãe de todos os males: o egoísmo…
Um comentário
Paradoxal: Que diabos a reforma intima encarnada vai alterar na moral não encarnada?
Se são 2 morais, decerto que a espiritual é a preferencial e a que tem validade?!
Porém olhamos de cá pra lá e comparamos lá com cá….ou seja nosso mundo espiritual tem: individualidade (reforma intima é individual), andamos em grupos (como a sociedade humana), existe hierarquia e regras (do mundo primitivo ao feliz, falanges, etc…)
Me parece que lá é mais do mesmo e no final a única mudança é a do próprio ponto de vista, da maneira de compreender e como no jogo de baralho cada mão deve ser compreendida e trabalhada de modo diferente.